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TOM HAMILTON

“Music From Another Dimension!” é o primeiro disco de inéditas do Aerosmith em onze anos. Já tinha entrevistado o baixista Tom Hamilton para falar dos 25 anos de lançamento do álbum “Permanent Vacation”, mas já havia ficado combinado que conversaríamos novamente quando o disco estivesse pronto. Assim, aqui está a segunda entrevista que fiz com Tom este ano, na qual ele fala sobre vários detalhes a respeito de “Music From Another Dimension!”, como a participação da cantora Carrie Underwood e o trabalho com o produtor Jack Douglas. No meio do papo, ele até comentou uma recente declaração de Steven Tyler, que definiu o Kiss como uma “banda de história em quadrinhos”.

Antes de mais nada, gostaria de saber sobre sua saúde (N.T.: Tom foi diagnosticado com câncer de língua e garganta em 2006; após ser declarado curado, o problema voltou em 2009). Como você está?
Tom Hamilton:
Minha saúde está excelente no momento. Tenho feito meus exams periódicos e, até por eu ser um sujeito muito precavido, costumo até antecipar o período entre eles. Quando a doença voltou foi assustador e meu médico disse que era um péssimo sinal. Mas lá se vão três anos e está tudo bem. Agora, a meta é continuar assim pelos próximos cinco anos.

O fato de você entrar numa turnê não pode ser prejudicial para seu tratamento?
Tom:
Tudo tem a ver com a alimentação. Eu preciso ingerir uma quantidade suficiente de calorias, o que é bem complicado, principalmente porque eu não costumo ter muito apetite. Nunca fui muito glutão, mas agora preciso me forçar a comer bem. Mas, fora isso, estou me sentindo muito bem e não problema algum em estar na estrada.

Falando sobre música, o primeira nome que me vem à cabeça quando penso no novo disco do Aerosmith é Jack Douglas. Ele já trabalhou com vocês em disco clássicos, como “Toys In The Attic” (1975) e “Rocks” (1976). Como é voltar a trabalhar com ele?
Tom:
O mais legal nisso é que todo mundo na banda estava muito empolgado por voltar a tê-lo na produção. Em muitos momentos no passado recente nós chegamos a comentar entre nós, na fase de produção de discos: ‘Não seria ótimo ter Jack de volta?’ Só que todo mundo concordava e ficava por isso mesmo… Mas chegou um momento em que não havia mais dúvida de que era isso mesmo que queríamos e então aconteceu. Foi um dos motivos que nos levou de volta ao estúdio depois de tanto tempo.

Foram onze anos…
Tom:
Pois é… No fim das contas, eu acho que posso dizer que Jack Douglas é o grande motivo de termos lançado um novo disco – ao menos, é um dos principais motivos.

Ao longo de toda trajertória do Aerosmith, você foi o único músico que nunca se envolveu em nenhum projeto paralelo, nem lançou discos solo. O que mantém você tão ligado à banda?
Tom:
Sou um procrastinador. Estou sempre adiando as coisas. E nunca achei que havia algo de interessante para fazer fora da banda. Tem gente que diz: ‘Cara, seria maravilhoso fazer algo solo e não ter que dividir com esses chatos.’ (risos) É algo que, confesso, às vezes vem à minha mente, também. Além disso, há certas ideias musicais que não são comuns a todos nós. Enfim, acho que em algum momento não muito distante eu farei algo assim, mas não sou do cara que se empolga fácil. Há ocasiões em que penso: ‘Não seria ótimo?’, mas nunca coloquei isso como uma meta para minha carreira.

De todo modo, levando em conta que ultimamente houve certa tensão na banda por conta de trabalhos paralelos, especialmente da parte de Steven, você não teme que algo assim possa causa ainda mais tensão?
Tom:
Potencialmente, sim. Mas não necessariamente. Acho que isso depende da forma como a pessoa faz a coisa. Se for conduzido de um modo que não afete negativamente a banda, acho que todos vão apoiar. Quando Joe fez seu disco solo, acho que há uns dois anos (N.T.: na verdade, foi há três anos; ‘Have Guitar, Will Travel’ é de 2009), houve momentos em que cheguei a pensar: ‘O que acontece agora? O que a gente faz se Joe resolve deixar a banda?’ Mas no caso de Steven eu não reagi assim. Pensei: ‘Uau! Que legal pra ele!’ E foi esse o espírito que nos levou a concluir o disco.

Voltando a falar sobre “Music From Another Dimension!”, vocês tiveram algum receio de voltar ao estúdio após tanto tempo? Chegaram a se preocupar com o tipo de banda deveriam mostrar nesse trabalho? Porque, pela perspectiva dos fãs, há três ‘Aerosmiths’: dos anos 70, dos 80 e dos 90 em diante. Vocês tentaram criar uma sonoridade nova? Ou quiseram fazer um ‘Permanent Vacation parte II’?
Tom:
Nós quisemos reverenciar nossas raízes e a forma como tudo isso surgiu. E esse foi um dos motivos que nos levaram a voltar a trabalhar com Jack. Queríamos fazer esse passeio ao passado, mas sem imitar a nós mesmos. Não era algo como: ‘Olha, precisamos fazer um disco com a cara dos anos 70 por este ou aquele motivo.’ Primeiro de tudo, todo mundo estava a fim de gravar um novo disco. Todos chegaram com ideias, letras, riffs… Todo mundo parecia com fome de música! E trabalhando com Jack você tem a oportunidade de fazer o melhor disco possível porque ele é muito interessado em coisas novas e diferentes, e não necessariamente no aspecto comercial.

Você disse que todo mundo estava a fim de gravar um novo disco. Então, podemos concluir que ao longo dos últimos onze anos vocês simplesmente não estavam a fim ou apenas colocaram a criatividade em férias?
Tom:
Acho que o disco simplesmente não aconteceria se todos não estivesse realmente a fim de fazê-lo. E um dia ele teria que ser feito porque essa é a ordem natural das coisas, fazemos uma tour mundial e depois lançamos um disco novo. Nos últimos dez anos, fizemos turnês pelas Américas do Norte e do Sul, pelo Japão… Ficamos no ‘modo estrada’ por um bom tempo! (risos) Começamos a ficar ansiosos para nos reunirmos no estúdio e ver o que sairia, mas demorou até que todos ficássemos focados na mesma direção e com a mesma intensidade.

O último show que eu vi de vocês, no ano passado em Montreal, quem estava no baixo era David Hull, já que você estava se recuperando de seu problema de saúde. Você já está pronto para encarar uma turnê mundial?
Tom:
Sem dúvida!

Então, você está pronto fisicamente para encarar dois anos de estrada?
Tom:
Totalmente. Como disse, só tenho que me obrigar a comer. Não tenho apetite e comer se tornou uma operação um pouco mais complicada porque o problema que tive foi na garganta. É uma região do corpo muito congestionada, em que muitas coisas ocorrem, como a fala e a ingestão de alimentos. Mas, desde que eu consiga ingerir a quantidade necessária de calorias, está tudo certo.

Recentemente, Steven chamou o Kiss de ‘banda de história em quadrinhos’. Isso gerou uma ‘guerra’ de fãs das duas bandas na internet, cada um defendendo seus ídolos. O que você acha desse comentário e do Kiss, propriamente dito?
Tom:
Achei tudo muito divertido. Não sei de onde surgiu isso, imagino que foi uma frase que ele soltou no meio de uma entrevista e virou isso tudo.

Como a maior parte das coisas que acontecem via internet, aliás…
Tom:
No fim, é tudo entretenimento. E surge essa rivalidade… Qualquer história que envolva um conflito se torna interessante. Nós chegamos a excursionar com o Kiss nos anos 70. Na verdade, não chegou a ser uma tour, foram apenas alguns shows. Daí, cada um seguiu seu caminho. Havia uma rivalidade entre as duas bandas. Lembro daqueles papos de camarim falando das roupas que eles usavam, com o que se pareciam e sobre o que faziam. Mas com o passar dos anos passamos  a respeitá-los mais, principalmente por causa dos seus fãs. Eles têm fãs extremamente fieis. E se você perguntar para Gene Simmons, acho que ele vão concordar com o comentário de Steven. Ele era um grande fã de histórias em quadrinhos, da mesma forma que todos nós fomos muito tempo atrás… Alguns de nós separam isso do que faziam musicalmente, mas ele optou por viver isso com sua banda, o que acho muito legal. Quando estou a fim de curtir um som, ouço Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin e Dire Straits. Não ouço Kiss regularmente, mas adoro a música Rock And Roll All Nite. Ele foram de uma felicidade rara ao descrever o que os garotos querem.

De fato, é um verdadeiro hino deles. E qual seria o hino do Aerosmith?
Tom:
Ih, cara…

Talvez “Lord Of The Thighs” pudesse ser uma boa escolha…
Tom:
É uma boa escolha, mas acho que eu prefiro ‘Lick And A Promise’. A letra dela é muito boa e ela funciona tanto em termos musicais como rítmicos.

O disco “Rocks” é considerado a obra-prima de vocês. Eu sempre achei “Toys In The Attic” tão bom quanto ele, senão melhor. Você também acha que Rocks é o melhor disco do Aerosmith?
Tom:
Creio que tanto ‘Toys In The Attick’ como ‘Rocks’ foram nossos pontos mais altos em termos daquilo que somos capazes de fazer. Acho que ‘Rocks’ tem um lado meio sombrio. E tem ‘Back In The Saddle’, que é provavelmente a música mais legal que a gente já gravou. ‘Toys In The Attic’ é mais alegre, enquanto ‘Rocks’ é um pouco mais melancólico, o que eu, pessoalmente, adoro.

Os dois discos, naturalmente, foram produzidos por Jack Douglas. Voltando ao novo álbum, um detalhe interessante está no fato de vocês terem gravado uma faixa ‘(Can’t Stop Loving You)’ com uma cantora Country, Carrie Underwood. Os fãs mais tradicionais provavelmente não vão gostar, enquanto que os mais novos, assim como o público que ouve rádio, vai amar. Como lidar com isso?
Tom:
Essa música surgiu de forma totalmente natural, ninguém propôs: ‘Vamos escrever um Country.’ Ela simplesmente foi nessa direção. E o Country, obviamente, é uma boa parte do Rock’n’Roll – Country, Gospel e Blues.

E Carrie é uma estrela do Country.
Tom:
Ela é incrível. Faz ótimos discos e canta demais! Estávamos gravando essa música quando Steven descobriu que Carrie estava na cidade e convidou-a sem falar com ninguém, uma noite simplesmente apareceu com ela no estúdio. Estava previsto para ser uma noite livre e eles gravaram esse vocal. Nós tínhamos cogitado chama-la, mas eu pensei: ‘Ela é uma estrela e seria ótimo tê-la no disco, mas vai valer a pena?’ Porque a gente estava tentando fazer um grande disco de Rock, será que valia a pena arriscar mudar o foco? Mas, no fim deu tudo muito certo e a música ficou excelente. Estou orgulhoso por tê-la no disco e espero que as pessoas vejam isso como um exemplo do nosso potencial de flertar com outros gêneros.O disco pode ser dividido em duas partes. ‘Luv XXX’, ‘Lover Alot’ e ‘Street Jesus’ são temas clássicos do Aerosmith setentista, enquanto a outra metade se baseia em baladas. Isso foi algo que vocês fizeram de forma intencional?
Tom:
Não, mas acho que deveríamos ter feito. O disco atrasou por uma questão de marketing, então perdeu-se muito tempo falando nele sem que nenhuma faixa fosse mostrada. Estamos juntos há quarenta anos e sabemos que há uma diversidade nos gostos pessoais dos integrantes. Além disso, as pessoas mudam com o tempo. Steven adora cantar essas baladas dramáticas porque é uma oportunidade de mostrar como consegue transmitir emoção com sua voz. Outros de nós adoram o volume alto, músicas com riffs grudentos. Mas nós definimos o repertório de acordo com a qualidade das músicas que temos em mãos e no quanto elas vão funcionar junto ao público.Quando nos falamos recentemente, você comentou: ‘Agora o lançamento foi adiado para novembro, você acredita?’ A pergunta que todos querem fazer: o disco foi alterado de alguma forma, como uma nova mixagem ou a regravação de algumas partes?
Tom:
Muitas partes foram remixadas e remasterizadas.

Mas houve algum truque de estúdio?
Tom:
Você quer saber se as vozes passaram pelo afinador? (N.T.: recurso presente em praticamente todos os programas de edição de áudio e que serve para afinar instrumentos e principalmente vozes que não foram gravados com precisão) Ah, sim. Você deve lembrar que eu comentei que isso deveria acontecer

Já a música ‘Legendary Child’ estava prevista para fazer parte da trilha do filme ‘G.I. Joe’, mas o lançamento do filme foi adiado para 2013. A música ainda vai estar nele?
Tom:
Pelo que sei, sim. Parece que vai ser um ótimo filme. Mas vamos esperar para ver o que acontece, talvez eles queiram que participemos com outra música, vai saber… Vamos esperar

Pra terminar: você acredita que teremos um novo disco do Aerosmith nos próximos dois ou três anos ou o hiato vai ser tão longo como esse último?
Tom:
Acho que, se rolar, vai ter que ser nos próximos anos. Se não rolar em breve, não sei o que pode acontecer…

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