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VIPER

Houve uma época em que o Viper batia ponto no Circo Voador, mesmo que por um breve período nos anos 90, sempre sem Andre Matos. Foram apresentações em 1992 (com Overdose e Killing Vice), 1993 (com R.I.P. Monsters) e 1994 (com P.U.S. e Dungeon) – curiosamente, neste último ano o vocalista realizaria o sonho, como ele próprio ressaltou, de se apresentar na tradicional casa de shows carioca. Mas com o Angra, que fazia o segundo show no Rio de Janeiro para divulgar “Angels Cry”.

Àquela época, o Viper pulara do Teatro Ipanema e do Caverna II para o Circo Voador. Pouco mais de 20 anos depois, saltou do Teatro Rival para o famoso palco na Lapa. E com Andre Matos ao lado de Felipe Machado e Hugo Mariutti (guitarras), Pit Passarell (baixo) e Guilherme Martin (bateria) num show para lançar na cidade o DVD “To Live Again – Live In São Paulo” (2015). Traçada a linha do tempo, dá para se ater numa louvável diferença: o quinteto mexeu no repertório e trocou as íntegras de “Soldiers Of Sunrise” (1987) e “Theatre Of Fate” (1989) por um setlist que mesclou pérolas dos dois clássicos com músicas do ótimo “Evolution” (1992).

E o começo do show com “Knights Of Destruction”, “To Live Again” e “Coming From The Inside” foi a prova de uma decisão acertada, mas há um tom que a banda ainda não conseguiu acertar: o falatório, mais precisamente o excesso. Chega a ser tão cansativo que alguém na plateia gritou um “toca música!” durante o primeiro intervalo – que, diga-se, foi baseado nas diferenças entres os sotaques carioca e paulista. Sim, os fãs prezam a comunicação com os ídolos, mas eles também querem a energia que sai de guitarra, baixo, bateria e microfone. “At Least A Chance”, “Nightmares” e “Wings Of The Evil”resolveram isso muito bem.

O clima mais fanfarrão até ganharia contornos mais divertidos no fim do show, mas antes tivemos algo que parece vir se arrastando desde que Viper e Andre Matos tornaram-se mais uma vez uma única entidade. E a história começa com outras duas canções de “Evolution”. “The Shelter” foi tocada com Machado nos vocais – como na versão presente em seu recente disco solo, “FM” (2015) – e o baixista Rob Gutierrez, que trabalhou com o guitarrista no estúdio e saiu direta e literalmente da pista para assumir as quatro cordas. Passarell aguardou alguns minutos fora do palco até voltar e tomar conta dos vocais em “The Spreading Soul”.

Resumo da ópera: seria interessante se Pit, desde sempre um compositor de mão cheia, fosse mais centrado em cima do palco, digamos assim. Reformulando: um pouco mais de concentração e um pouco menos de alegria mostrariam até mesmo o baixista criativo que todos sabemos que ele é. Meia palavra para bom entendedor basta. Assim como bastam “Soldiers Of Sunrise”, a excelente e bem-vinda “Dead Light”, “Signs Of The Night” e “ACry From The Edge” para mostrar por que o Viper é um dos nomes mais importantes da história do Heavy Metal brasileiro. E sabe aquela música que é um dos marcos da nossa música pesada? Pois é, “Living For The Night” foi cantada com vontade pelos fãs – que, aliás, chegaram ao Circo Voador em cima do laço, garantindo um bom público numa noite de domingo.E a joia só não se perdeu porque a zoeira valeu a pena. Ao menos desta vez.

Quando aquela parada no meio da música, para fazer o público cantar os corinhos, já estava dando nos nervos, Mariutti puxou “Crazy Train”, de Ozzy Osbourne. No improviso, a banda tentou levar. Mas uma breve reunião no centro do palco culminou na versão completa de “Breaking The Law”, do Judas Priest. Pronto. Foi divertido e espontâneo. Tão espontâneo que os cinco esqueceram de terminar “Living For The Night”, e a bagunça acabou com Matos no baixo e Passarell nos vocais.

“Prelude To Oblivion” antecedeu o bis que começou com novas incursões pelo mundo dos covers. No improviso, claro, pois o negócio havia funcionado bem. Primeiro foi “Ace Of Spades”, do Motörhead, com Passarell cantando. Em seguida, algo de David Bowie que, confesso, soou ininteligível em seus não mais do que dez segundos. Na sequência, um tempo maior para “Holy Diver”, do Dio, com Matos cantando basicamente a melodia vocal, não necessariamente a letra. Absolutamente perdoável. E reparou no critério para a escolha das canções? “Lembra de mais alguém que morreu aí”, pediu Passarell aos companheiros de banda. Anova zoeira terminou com um trecho de “Beat It”, de Michael Jackson, e uma tentativa desajeitada do baixista de imitar os passos do chamado Rei do Pop.

O falatório no início do show, o exagero em “Living For The Night” até as inserções de Ozzy e Judas… Tudo ficou para trás graças ao clima que se criou. Felizmente. Tanto que “Rebel Maniac” poderia ter encerrado a noite com saldo positivo, mas coube ao hino “H.R.” confirmar que a festa havia valido a pena, principalmente pelo seu terço final. Com Nando Machado no baixo e Matos na guitarra – sim, você não leu errado –, Passarell e Mariutti assumiram os vocais para uma versão, segundo Felipe, inédita. Sorte dos cariocas, que receberam o Viper de braços abertos, mais uma vez. E da banda, que soube virar o jogo. Involuntariamente ou não, pouco importa.

Setlist
1. Knights Of Destruction
2. To Live Again
3. Coming From The Inside
4. At Least A Chance
5. Nightmares
6. Wings Of The Evil
7. The Shelter
8. The Spreading Soul
9. Soldiers Of Sunrise
10. Dead Light
11. Signs Of The Night
12. A Cry From The Edge
13. Living For The Night / Breaking The Law
14. Prelude To Oblivion
15. Rebel Maniac
16. H.R.

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