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WATAIN – 18 de janeiro de 2019, São Paulo/SP

Apoiando a promoção de seu álbum mais recente de estúdio – o esmagador Trident Wolf Eclipse (lançado em janeiro de 2018) – o sueco WATAIN chegou na Capital Paulista para fazer o primeiro grande show de black metal na cidade em 2019. A expectativa dos fãs era naturalmente grande: desde que lançou seu primeiro álbum completo de estúdio, Rabid Death’s Curse no ano 2000, o Watain foi trilhando seu caminho rumo ao topo do black metal, algo que conquistou em definitivo em 2010, ano do lançamento do insuperável Lawless Darkness, que conquistou honrarias antes impensáveis para um gênero musical tão extremo e inacessível. As críticas nem sempre justas ao álbum The Wild Hunt (2013) só serviram para tornar maior a expectativa pelo então novo álbum (o comentado Trident Wolf Eclipse), e depois de muitos elogios e de shows que percorreram vários cantos do mundo, era enfim hora dos brasileiros conferirem esta nova jornada do Watain, em uma noite que ameaçou um forte temporal em São Paulo, que acabou não se confirmando.

Se a chuva torrencial e a tempestade de raios e trovões não se confirmaram, acertou quem apostou em mais um bom show dos suecos em solo nacional. Com o palco adornado com as tradicionais bandeiras e velas que costumam acompanhar todas as apresentações do grupo, o vocalista e líder, Erik Danielsson, foi o primeiro a tomar seu posto, o que bastou para acender a fogo e a fúria dos presentes. Com o time completo no palco, e já que falamos em tempestade, existia maneira melhor de começar a apresentação do que com a intensa e já clássica Storm of the Antichrist, de Lawless Darkness? Com um som bastante alto e muito bem ajustado, dava para sentir na carne cada batida que o baterista (que poderia ser Emil Svensson, Håkan Jonsson, ou ainda qualquer outro, confesso que do lugar onde estava e com a iluminação escolhida foi coisa impossível identificar o baterista) dava no surdo no pequeno e furioso ‘breakdown’ que inicia a segunda parte da música, um espetáculo de ódio e torpor negro.

Já com a cabeça devidamente esmagada pela overdose de riffs rápidos, o clima ficou ainda mais denso com aquela que colocou o novo Trident Wolf Eclipse na jogada: Nuclear Alchemy, com seus riffs acelerados e cortantes, blast-beats violentos e viradas desconcertantes parecia prensar a plateia contra o chão, e era evidente que a pouca agitação da plateia se devia mais ao peso incessante e a aura musical negra do quinteto ao vivo, do que a falta de empolgação das pessoas que, afinal, estavam ali justamente para curtir essa sensação esmagadora. E, já que essa é uma ótima reação a um show de black metal, o clima continuou numa mistura de tétrico e embasbacado com The Child Must Die, única peça de The Wild Hunt apresentada nesta noite.

Com o guitarrista Pelle Forsberg em uma noite verdadeiramente inspirada (a postura desse cidadão ao vivo é realmente assustadora), a soberba Puzzles of Flesh (uma das favoritas desse que vos escreve) chegou derrubando barreiras e almas, um arrebatamento de espíritos como só o black metal pode alcançar. Vendo uma plateia que parecia tomada por escalafrios, Danielsson bradou ao microfone: “São Paulo, agora é hora de ver se vocês são capazes de fazer outra coisa do que só apontar os seus celulares para o palco”, gritou, anunciando o carro chefe do novo álbum, a feroz Furor Diabolicus. A parte ‘engraçada’ da coisa é que a plateia reagiu aos brados justamente erguendo mais uma vez os celulares, o que causou um divertido cruzar de olhares entre Forsberg e Danielsson, sinal de que essa não foi a única vez que viram tal reação.

Passada a primeira metade da apresentação, o aparente torpor dos presentes parece ter começado a ser dissipado. Sacred Damnation e Underneath the Cenotaph já contaram com recepções bem mais participativas, mas o que se viu na clássica Malfeitor (Lawless Darkness, 2010), talvez a mais conhecida música dos suecos, foi realmente impressionante. A reação convulsiva à música foi comandada pela voz de Danielsson e a performance sempre vigorosa do baixista chileno Alvaro Lillo (entre outras bandas, baixista e vocalista do ótimo Undercroft), sempre um destaque nas apresentações ao vivo do Watain.

Para encerrar, após a quebradeira geral em Sworn To The Dark (Sworn to the Dark, 2007), a derradeira The Serpent’s Chalice, deu notas finais para a apresentação, enquanto o público ainda permanecia amontoado diante do palco, aguardando um bis que no fim das contas não veio. Sim, no fim das contas, foi uma apresentação protocolar, sem grandes arrombos de brilhantismo, mas também sem falhas, o que deixou todos muito satisfeitos. Uma hora exata de black metal, um tempo razoável, e que esperamos, seja muito em breve ampliado com outros ótimos nomes do cenário nacional e internacional.

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