Nascido em 1988 no sagrado berço punk/hardcore de Hermosa Beach, Califórnia (EUA) – mesmo local onde cerca de uma década antes o CIRCLE JERKS e o BLACK FLAG davam seus primeiros passos – o PENNYWISE não demorou para chamar atenção. Seja pelo nome escolhido, uma referência mais do que clara à criatura que ganhou vida pelas mãos do escritor Stephen King em It (“A Coisa”), seja pelos meros onze minutos de sua música direta e ríspida apresentada no EP de estreia A Word From the Wise (1989), os caras rapidamente chamaram a atenção das pessoas certas, e até de forma natural descolaram um contrato com o selo especializado em punk/hardcore Epitaph, de Brett Gurewitz, guitarrista do BAD RELIGION.
Assim, já em 1991 Jim Lindberg (vocal), Jason Thirsk (baixo), Byron McMackin (bateria) e Fletcher Dragge (guitarra) entraram no Westbeach Recorders em Hollywood, Califórnia, para gravar o seu primeiro disco completo de estúdio, Pennywise, que chegou às lojas em 22 de outubro do mesmo ano. O álbum recebeu boa acolhida entre o público punk, e o nome da banda já começava a ser comentado em todo o país e mesmo em territórios fora dos Estados Unidos. Tudo indicava um futuro promissor e sem grandes percalços, mas é claro que não poderia ser tão simples assim. A banda formada por amigos de escola que compartilhavam os mesmos pontos de vista sobre a sociedade e a forma de ver o mundo, que tinha tão facilmente conseguido um contrato com a melhor gravadora possível e lançado um primeiro álbum elogiado por quase todos, sentiu o primeiro baque pouco após o lançamento de Pennywise, já que o vocalista Jim Lindberg não demorou para se separar do grupo.
Com a saída de Lindberg, embora a banda não tenha pensado em desistir, aconteceu uma daquelas ‘pequenas bagunças’ que quase põe todo o bom trabalho a perder: por um breve período de tempo, mais para cumprir a agenda de shows do que necessariamente para dar prosseguimento a carreira, o vocalista do THE VANDALS, Dave Quackenbush assumiu o posto de Lindberg. Enquanto isso, o PENNYWISE começava a planejar as composições de seu vindouro segundo álbum, e quando de fato começaram as gravações, Jason Thirsk – baixista e principal compositor do grupo – acumulou também os vocais, enquanto o baixo passava para as mãos de um novo integrante, Randy Bradbury, ninguém menos que o professor de baixo de Thirsk. Para completar a zona, Jim Lindberg, decidiu retornar para a banda, forçando uma volta de Thirsk para o baixo, e a saída (por um breve período) de Bradbury, que, no fim das contas não tocou em apenas duas faixas do disco, It’s Up to Me e Taster.
Todo esse clima de incerteza acabou gerando um dos mais diretos e melhores discos do PENNYWISE, um álbum que não poderia ter outro nome, Unknown Road, ou ‘A Estrada Desconhecida’. Nada mais adequado, já que nem a banda sabia direito que caminho iria trilhar dali em diante. Mas, não se engane: com produção de Joe Peccerillo (NOFX, STING, TOTO, THE OFFSPRING, BAD RELIGION), este Unknown Road é forte desde a abertura, com o piano lacônico da faixa que dá nome ao disco, uma bela ‘primeira palavra’ de uma obra que ainda contém joias como Homesick, Time To Burn (com aquele baixo típico do punk rock estalando no início) e You Can Demand, com um belo show de Fletcher Dragger na guitarra.
Mesmo com toda a bagunça que tomou conta da banda durante o processo de composição, Unknown Road sobreviveu ao teste do tempo, e, ao mesmo tempo que dispõe de uma posição de destaque no coração dos fãs, também mostra sua força na história do PENNYWISE, que conseguiu reunir sua formação original e descolou sua primeira grande turnê – ao lado do THE OFFSPRING – com este que foi o último disco da banda a não figurar na cobiçada Billboard 200.
Mas, a estrada ainda permanecia obscura para o PENNYWISE. As mais de duzentas mil cópias vendidas de seu segundo disco, a execução em massa de suas músicas durante competições esportivas, o excelente contrato oferecido (e prontamente negado) pelas grandes gravadoras após o sucesso inesperado de GREEN DAY e THE OFFSPRING, o suicídio do baixista e principal compositor Jason Thirsk em 1996… Nada disso era conhecido por aqueles quatro garotos da Califórnia. O mundo ainda parecia apenas uma velha e eterna estrada desconhecida…