Em entrevista à Spin, o baixista do Rage Against the Machine (e ex-Audioslave) Tim Commerford revelou que vem “lidando com algumas merdas muito sérias”, e que teve sua próstata removida pouco antes de a banda cair na estrada no início de 2022.
Eu deveria ter levado isso mais a sério” – TIM COMMERFORD
“Fui buscar um seguro de vida, mas meus números de PSA (antígeno prostático específico) aumentaram. Eu não consegui. Eles não me segurariam. No início, o número era muito baixo – como um ponto-alguma-coisa. Observei ao longo de um ano e meio, e ele continuou se elevando ainda mais. Eventualmente, eles fizeram uma biópsia e descobriram que eu tinha câncer, então eles tiraram minha próstata. Eu estava pensando, ‘bem, porque eles estão assistindo e deixando chegar a este ponto? Talvez não seja um grande problema’. Eu me culpo. Eu deveria ter dito: ‘Meus números estão elevados e o que isso realmente significa?’. Eu deveria ter levado isso mais a sério”, admitiu o baixista de 54 anos.
“Agora estou na situação em que estou, que é, ‘prenda a respiração por seis meses’. Não é uma boa e não é algo pelo qual eu esteja feliz. Estou apenas tentando segurar as rédeas. Vai ser uma longa jornada, espero. Meu pai morreu em seus 70 e poucos anos de câncer e minha mãe morreu de câncer com 40 anos. Divida a diferença para 65 e eu tenho 10 anos. Estou tentando chegar à marca de 100 músicas (gravadas) – tenho alguns objetivos agora”. Atualmente, Commerford está lançando novas músicas com usa banda 7D7D. Um primeiro single, chamado Capitalism, já foi lançado (confira abaixo).
Commerford contou também que quando soube da doença, sua maior preocupação era se ele estaria apto a fazer a “Public Service Announcement Tour“. Seus médicos não se mostravam certos quanto a isso.
“Dois meses antes da turnê, fiz uma cirurgia e meus médicos disseram que eu não estaria pronto. Isso foi brutal. Eu estaria no palco olhando para o meu amplificador em lágrimas. Então você meio que se vira e suga tudo. Por causa da lesão de Zack, planejamos esses pequenos intersticiais de vídeo que vieram entre blocos de músicas. Fomos feitos para subir ao palco, tocar algumas músicas, sair do palco e ir para os intersticiais por alguns minutos. Foi perfeito. Então ele se machucou e não pudemos sair do palco. Durante os intersticiais, ficávamos lá apenas sentados. Isso foi surreal. Às vezes eu me sentava e tentava não pensar em certas coisas. Foi estranho. Eu mantive isso para mim durante toda a turnê que fizemos e foi brutal”, desabafou
“O câncer de próstata é muito, muito, muito difícil porque está ligado à sua sexualidade. É difícil se desconectar disso e quando você é forçado a essa situação, é uma jornada psicológica brutal. Eu tenho tentado encontrar grupos de apoio, e é difícil encontrar pessoas e difícil falar sobre isso. A parte do sofrimento, o sofrimento físico após a cirurgia, eu nunca senti dor assim. Eu tenho placas de metal na minha cabeça e partes de cadáveres no meu corpo. Eu fiz muitos danos através de esportes e mountain bike e esse tipo de coisa e eu sempre senti que eu tinha uma tolerância muito alta para a dor, e essa merda me deixou de joelhos. Depois que a dor foi embora, eu ainda não consegui me levantar, mesmo que eu esteja malhando e fazendo merda, mas, psicologicamente, o dano é grave. É muito difícil para mim não quebrar e me emocionar.”
Commerford finalizou comentando sobre o estado atual de sua saúde: “Acabei de fazer meu teste de seis meses e ele voltou a zero. Eu fiquei tipo, ‘Foda-se!’ Isso é o melhor que posso sentir para o resto da minha vida. Todos os dias eu me aproximo desse teste, e fico, tipo, ‘Foda-se, cara, este vai ser o momento em que o número vai subir e eu vou para a próxima coisa, seja lá o que isso for?’. Eu já passei por alguma dor e merdas. E continuo a passar por uma merda louca.”
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