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Nervous Breakdown: Hardcore & Punk #2 [THE GERMS]

Poucas bandas precisaram de tão pouco tempo de música para se tornar tão bem sucedidos quanto é o caso dos norte-americanos do THE GERMS. E o início não foge muito daquele que conhecemos de tantos outros atos punks ao redor do globo: após a expulsão de Darby Crash (Jan Paul Beahm) e Pat Smear (Georg Ruthemberg) da University High School (ou “Uni”, como é popularmente conhecida) por ‘comportamento antissocial’ – alegadamente por usufruírem de ‘controle mental’ sobre os outros estudantes – não tardou para que a dupla assumisse os vocais e a guitarra (respectivamente) em uma recém fundada nova banda, o Sophistifuck and the Revlon Spam Queens. Segundo reza a lenda, a dupla abandonou esse ‘belíssimo’ nome logo que perceberam que nunca conseguiriam colocar todas essas letras em uma camiseta. Já em 1977 o caos começava a tomar proporções mais sérias com a entrada da baixista Lorna Doom (Teresa Ryan), enquanto o posto de baterista ainda permanecia o problema central da formação.

O primeiro single, Forming chegou ainda em 1977, e é considerado por muitos como o primeiro disco de punk verdadeiro lançado por uma banda de Los Angeles, o que em pouco ou nada mascara toda a precariedade com que o registro foi gravado. E quem liga? Com o trio acima mencionado e a baterista Donna Rhia (Becky Barton) dando uma mãozinha,  os meros três minutos e seis segundos da faixa foram encarados com estrondo desde o lançamento, e ainda hoje são dignos de grande apreciação não apenas dispensada pela mídia especializada, mas pelos fãs, que se recusam a deixar esse primeiro hino dos GERMS cair no poço do esquecimento.

Mas isso ainda era pouco. Pouquíssimo. Todo aquele papo de comportamento antissocial e principalmente o tal ‘controle mental’ era algo grande demais para Crash e Smear deixarem de lado. Pensando bem, aquilo era um excelente tema para uma canção, só precisava da motivação certa. E não demorou para as peças se encaixarem.

Já no ano seguinte, 1978, o GERMS estava de volta, com apenas umas poucas mudanças. O vocalista, Jan Paul Beahm, que no single anterior havia aparecido sob o pseudônimo Bobby Pin, agora assumia de vez aquele pelo qual se tornaria icônico, Darby Crash. A bateria, antes ocupada por Donna Rhia, era agora esmurrada por Nicky Beat, que você passou a conhecer melhor alguns anos depois sob o nome Nickey Alexander, baterista do debut da banda de hard rock de Los Angeles L.A. Guns. De resto, estavam lá Pat Smear (guitarra) e Lorna Doom (baixo), time que seria responsável pelo maior clássico de toda a carreira do grupo, o EP de três faixas Lexicon Devil.

Para encenar a sua peça de maior triunfo, o vocalista Darby Crash ofereceu uma perturbadora visão em primeira pessoa de um dos mais tirânicos líderes mundiais já vistos, Adolf Hitler, que ganhava voz em versos de comando e torpor cantados na voz rouca e doentia de Crash. O agora inocente ‘controle mental’ de que fora acusado quando estudante era levado ao extremo na persona de um sedutor e maníaco líder mundial, que enganou o seu próprio povo em busca de seus objetivos sórdidos: “eu sou um diabo léxico  com o cérebro maltratado”, cantava Crash na faixa título que abre o disco, “o mundo é o meu objetivo, então dê-me sua mão, dê-me sua mente”, ele clamava de forma repetitiva, quase hipnótica. “Eu quero soldadinhos de brinquedo que possa manipular, eu quero encrenqueiros armados para tomar os clubes”, ele dizia, em uma analogia histórica tão perfeita que assusta.

A abertura com Lexicon Devil já seria todo o necessário para colocar o GERMS no hall dos monstros sagrados da música punk, mas o EP ainda trazia outras duas canções, Circle One e No God, todas juntas totalizando os menos de seis minutos deste EP histórico.

Darby Crash não viveu para ver o triunfo soberbo de sua obra, pois cometeu suicídio no dia 7 de dezembro de 1980, aos 22 anos de idade. Talvez o mundo cada vez mais afoito para se jogar novamente nos braços de um diabo léxico tenha sido demais para o vocalista e compositor. Mal sabia ele que quarenta anos depois, as pessoas estariam se perguntando se Hitler era de direita ou de esquerda, ao invés de se preocupar em não cair na conversa sedutora de messias políticos de ambos os lados…

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