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MARTYRDÖD: A SUÉCIA AINDA É PUNK!

Não é uma história incomum, sob nenhum aspecto: Quantas vezes você já se deparou com integrantes de uma banda tradicional declarando que, nos primeiros dias, a única intenção que tinham com a banda era tocar aquele tipo de música que amavam ouvir? Pois é, alguns felizardos acabam sendo tão bem sucedidos nessa missão que não apenas soam ótimos naquilo que se propuseram a fazer, como também se tornaram responsáveis pela sobrevida ou até pela renovação de todo um cenário musical. Nascida em 2001 em Gotemburgo, a Martyrdöd tinha como único anseio reviver os dias de glória do crustpunk sueco, que tanto fez pelo bem da música extrema mundial nos anos 90. Revivendo a sonoridade dos atos clássicos, eles lançaram seu álbum de estreia em 2003 (o autointitulado Martyrdöd), e desde então não pararam mais de lançar música ótima e violenta. O mais recente trabalho de estúdio, Hexhammaren, foi lançado em 2019, e serviu como motivação para a conversa que você acompanha a seguir. 

Com o novo Hexhammaren lançado, como estão as coisas para a Martyrdöd no momento? 

Michael “Micke” Kjellman: Muito bem, está tudo trilhando o caminho certo, obrigado por perguntar. Bem, estamos nos mantendo sempre produzindo novas músicas, o que sempre foi a nossa intenção com essa banda, então acho que não posso reclamar, estamos atingindo nosso objetivo. 

Pois é, eu sempre tive essa impressão de que vocês são mais uma banda de estúdio do que uma banda dos palcos, embora também tenham suas apresentações ao vivo. 

Micke: Sim, eu entendo o que você quer dizer. A verdade é que todos nós temos outros interesses além da música, todos vivemos em cidades diferentes, então nem sempre é fácil ligar um para o outro do nada, dizer ‘ei, empacote suas coisas que vamos sair em turnê’, não acho que isso iria funcionar para nós (risos). Mantemo-nos bastante conectados, claro, mas sempre com a intenção de discutir ideias para novas músicas, o foco é ser uma banda que regularmente lança novos trabalhos, prefiro isso do que ser de uma banda que faz um milhão de shows e só tem dois discos para mostrar. Além disso, acho que com essa nossa postura, sempre tivemos a chance de escolher as melhores ofertas e aproveitar as melhores oportunidades de shows que nos são oferecidas. Eu nem saberia dizer quantos problemas podemos ter evitado com essa atitude, mas posso imaginar. Sabe aquelas histórias de turnês horríveis que fizeram essa e aquela banda entrar em hiato ou até se separar de vez? Pois é, nunca vivemos uma história assim (risos), e acho que essa habilidade de escolher o que achamos melhor é fundamental para isso. 

Faz sentido. Ainda assim, a banda passou por várias alterações na formação ao longo dos anos. 

Micke: Ah sim, mas acho que isso era inevitável. Quer dizer, quantas bandas existem por aí que nunca tenham trocado um ou outro integrante, é algo muito raro de acontecer. Mas, com a Martyrdöd, a razão é diferente, não é aquele caso de todo mundo ter voltado pra casa tão desgastado que não quer ver a cara do outro nunca mais, tão aborrecido que nem quer mais pegar uma guitarra nas mãos (risos). Existem muitas razões para deixar uma banda, desde desavenças quanto a musicalidade quanto mudanças na vida, que te forçam a mudar completamente a agenda. E veja, uma banda que foca em lançar novos discos, nos dias de hoje, não é exatamente a coisa mais rentável do mundo (risos). Então, sim, passamos por trocas em praticamente todos os postos, mas eu e Jens Bäckelin (bateria) estamos juntos desde o começo, nós fundamos essa banda em 2001. 

Hexhammaren – Century Media – IMP

Qual o segredo para essa parceria durar tanto tempo? 

Micke: Eu não sei se tem uma fórmula mágica, mas acho que é o fato de nos conhecermos muito bem, e sabermos exatamente o papel de cada um dentro dessa banda. Veja, eu componho boa parte de tudo que o Martyrdöd toca, mas sem ele, essa banda nunca chegaria a um ponto mais profissional, nessa parte dependo totalmente da visão dele. Se existe um segredo para o ‘sucesso’ é que sabemos o que cada um deve fazer, e um não tenta pisar na cabeça do outro. 

É uma maneira bem funcional de ver as coisas. 

Micke: Sim, sem ego e sem besteira, apenas vá lá e faça o seu trabalho. As coisas sempre funcionaram de uma maneira muito simples entre nós dois. 

Bem, acho que nem preciso perguntar se funcionou dessa mesma maneira quanto a visão musical do Martyrdöd. 

Micke: Ah é, acho que é bem claro na nossa música, certo? Tanto eu quanto ele sempre tivemos um mesmo objetivo musical, que era encontrar aquela sonoridade típica do crustpunk sueco da segunda era, ou seja, aquela bem típica dos anos 90. Queríamos reencontrar o som da ‘segunda onda do hardcore sueco’, aquela coisa densa e pesada, massiva. E isso ainda não mudou, ambos ainda continuamos focados nesse som. 

Você ainda lembra as bandas que te fizeram mergulhar nessa sonoridade? 

Micke: Sim, com certeza! Provavelmente o começo de tudo para mim foi com o Skitsystem. Você sabe, aquele par de discos, o 7” Profithysteri (1995) e o 10” Ondskans Ansikte (1996), ah cara, eu adorava tudo naqueles discos, a abordagem das letras, a música ‘na cara’ em todos momentos, era tudo tão direto, no começo da minha adolescência eles foram os reis. Claro, teve também o Disfear, que acho que todo mundo conhece, e eles eram absolutamente incríveis. Lembro de tê-los visto em um festival acho que em 1996. Cara, naquela época eu nem sabia dizer se os caras estavam realmente tocando alguma coisa ou só fazendo barulho incompreensível, mas eu adorei cada minuto (risos). 

Sei exatamente como é. 

Micke: Na adolescência, as coisas te impressionam pelo que são e pelo que você imagina que elas são, então foi doideira, eu os vi ao vivo e me apaixonei pela música. Comprei dois álbuns deles logo em seguida, A Brutal Sight Of War (1993), e Soul Scars (1995), era absolutamente incrível! E, claro, teve o Wolfpack. 

Ah sim, acho que eles herdaram o trono do Anti-Cimex. 

Micke: É, acho que isso é o que todo mundo esperava! Quer dizer, eles tinham a sonoridade certa, estavam no lugar certo fazendo a música certa na época certa, e, além disso tudo, tinham Tomas Jonsson, do Anti-Cimex, estava com eles! Não tinha como dar errado. Eu lembro que ouvi os álbuns deles e não queria mais ouvir outra coisa, tudo estava ali, a vibração, a força, o som. Claro, eles também haviam sido produzidos no estúdio Fredman, com o Fredrik Nordström. O pessoal do metal nem sempre tem noção do quanto Fredrik e o estúdio Fredman são importantes para a história do punk, mas ele foi fundamental para forjar esse som. 

Sim, e ele produziu Scandinavian Jawbreaker, do Anti-Cimex, um dos meus discos favoritos de todos os tempos. 

Micke: Sim, também amo esse álbum, e realmente ele foi registrado no Fredman, com Fredrik Nordström. Quer dizer, quando começamos o Martyrdöd, não tínhamos dúvida alguma de onde queríamos gravar e quem queríamos ao nosso lado. Estava tudo ali, escrito nos nossos álbuns favoritos (risos). O local ainda existia, aqueles profissionais ainda estavam disponíveis, então tudo que precisávamos fazer era escrever um bocado de boas canções, e conseguiríamos aquela sonoridade que estávamos buscando desde os primeiros dias. 

Hoje, com Hexhammaren lançado, você diria que alcançaram o seu objetivo? 

Micke: Sim, de verdade. Acho que temos seguido uma visão muito clara desde os primeiros dias, e desde o primeiro álbum estamos entregando exatamente aquilo que amamos, então, não se trata apenas deste novo registro, mas de toda a nossa discografia até agora. Nunca lançamos um álbum do qual não estivéssemos plenamente satisfeitos, e nunca faremos isso, pois esse é o tipo de banda que somos! Não saberia dizer se esse é o nosso melhor álbum, mas certamente estou muito satisfeito com ele, e ele representa muito bem o que é essa banda. 

Obrigado pela entrevista, e por manter vivo o som clássico do punk sueco. 

Micke: Muito obrigado, foi ótimo falar com você. Que bom que hoje podemos ter nossos álbuns lado a lado a nomes como Totalitär, Anti-Cimex, Wolfpack, Rövsvett e Wolfbrigade, isso me deixa muito orgulhoso. Sim, enquanto pudermos, lançaremos novos discos, e em cada um deles o legado do punk sueco será celebrado. Um grande abraço! 

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