Com uma carreira honrada e desbravando fronteiras, o Chaoslace lançou este ano o seu Debut “Inhumane Terror Cult” que está sendo muito bem aceito e conquistando muitas críticas positivas ao redor do mundo.
Com seu Death Metal violento e de uma qualidade absurda a banda está a todo vapor massacrando cabeças por toda parte, angariando muitos fãs e perpetuando seu nome por todo underground. Convidamos o baterista Diogo Rodrigues para esta entrevista onde abordamos toda trajetória da banda, passando pelas dificuldades sobrepujadas e as vitórias alcançadas, também sabermos como foi a concepção deste deste primeiro artefato mortal que contou com a mixagem e masterização do lendário e inesquecível Fabiano Penna.
Em meados de 2004 surge no Brasil o Chaoslace que em muito pouco tempo se torna um grande nome e uma referência para o estilo. Como e por quem surgiu a ideia de formar essa tormenta?
Diogo Rodrigues – Bom, antes do Chaoslace nós tínhamos outras bandas distintas e outros projetos que nunca davam em nada. Num desses projetos em que o Leandro iria participar eu seria o baterista por acaso sem conhecer ninguém, mas nunca saiu do papel, com isso eu e o Leandro resolvemos nos juntar e tentar montar uma banda séria, até mesmo pelo gosto musical parecido que tínhamos. Ao mesmo tempo o guitarrista Cleber saiu de sua antiga banda e procurava uma nova banda pra tocar, então ele se juntou a nós. Nossa idéia desde a primeira conversa foi fazer algo sério e músicas rápidas, e nos primeiros ensaios já tínhamos uma música. Os ensaios eram constantes e com isso fomos fazendo mais músicas, muitas vezes deixávamos de fazer outras coisas particulares como eventos familiares, para se dedicar aos ensaios e ao metal. O Cleber quando aceitou se juntar a banda, já veio com nome Chaoslace e o logotipo pronto, criados por ele mesmo. Esse foi o começo do Chaoslace, Leandro e Cleber nas guitarras e eu na bateria.
Em sua primeira formação a banda contava com 4 quatro membros, entre eles o nosso amigo Cléber Orsioli hoje integrante do Blackning, e no mesmo ano de sua formação vocês lançaram a demo “Abusive Use of Collective Hate”. Como foi a receptividade do público ao ser apresentado ao primeiro trabalho da banda? E qual o motivo do Cléber deixar a banda logo após este trabalho?
Diogo Rodrigues – Exatamente, logo após um show que fizemos em Santo André conhecemos um baixista que se chama Arthur, com isso éramos um quarteto nessa época. Depois de alguns bons ensaios e alguns shows, gravamos nosso primeiro material chamado “Abusive Use of Collective Hate”. Foi uma gravação bem simples, sem muitos recursos e pouca grana. Uma produção bem tosca na verdade, mas que começamos a divulgar esse material e com isso foi surgindo a oportunidade de participar de mais shows e aos poucos fomos apresentando a banda e por mais simples que foi a produção desse material a galera sempre apoiou e repercutiu bem aqui na região. Porém a banda nessa época começou a fazer sons mais extremos sempre influenciado por bandas como Krisiun e Morbid Angel, e o Cleber era mas ligado ao Thrash Metal, talvez ele não queria ter uma banda de Death Metal, ele queria tentar outro estilo, ele sempre foi mais centrado e dedicado à música, creio que ele tentou buscar algo mais profissional na época, mas foi tranquilo sua saída e até hoje somos amigos, ele ainda ajuda o Chaoslace com muitas coisas
Para nossa surpresa quando a demo “Anti-Religious Victory” de 2006 foi lançada, a banda apresentou em seu line-up apenas dois membros, você e o Leandro. Como foi essa adaptação de estar como uma dupla? O que você nos fala à respeito desta Demo?
Diogo Rodrigues – Logo após a saída do Cleber tivemos que nos adaptar como trio, fizemos mais alguns shows e o baixista Arthur não aguentou o tranco das dificuldades do underground e nos primeiros obstáculos abandonou o barco, mas mesmo assim eu e o Leandro não desanimamos e em pouco tempo criamos algumas músicas brutais, totalmente influenciados pelo verdadeiro Death Metal. Pra gente não ficar sem tocar ao vivo resolvemos convidar um baixista amigo nosso chamado Jared. Com essa breve formação conseguimos alguns bons shows e um deles foi em São Bernardo do Campo junto com o Torture Squad, na qual foi um evento muito bom e lotou a casa, o extinto Volkana. Para nós foi uma oportunidade legal de divulgar nosso som para mais pessoas que ainda não conheciam a banda. Logo após isso o Jared deixou a banda como combinado, então, entramos em estúdio para a gravação do “Anti Religious Victory”, que já contava com alguns recursos um pouco melhores. As músicas soavam mais brutais, gravamos na raça em uma semana. O Leandro gravou as guitarras e o baixo. O cara que era dono do estúdio já tinha mais experiência com bandas de metal. Essa demo tinha uma qualidade melhor que o material anterior o que foi melhor aceito e melhor divulgado. Então, o lance de dupla foi mesmo só na hora da gravação e ensaios.
No ano seguinte, 2007, a banda lança seu single “Hatestorm”. Este single foi lançado de forma independente ou teve o apoio de algum selo? Como foi a repercussão deste material?
Diogo Rodrigues – Em 2007 fizemos a gravação de uma música nova para fazer alguns experimentos de gravações em um estúdio diferente que havíamos conhecido na época. Não teve apoio nenhum de gravadora, selo, distro e etc. Creio que esse material não teve tanta repercussão, passou meio despercebido “rs”. Mas foi importante pra gente ver como funcionava algumas produções mais trabalhadas.
Após três anos, exatamente em 2010, o Chaoslace lança a demo “Curses Behind The Diabolic Shadows” que pra mim, mostra uma banda apesar de ainda estar em uma dupla, uma sonoridade mais brutal, mais obscuro. Até na identidade visual da banda vocês adotam um novo logo que demonstra essa transição. Para você essa demo foi o trabalho divisor de águas? O trabalho que melhor refletiu a proposta do Chaoslace até então?
Diogo Rodrigues – Esse lance de dupla foi mesmo na gravação e nas composições, tudo feito por nós dois, mas nessa fase o baixista era o Bruno e fez alguns shows ao vivo com a gente. Nessa época optamos por mudar o logo da banda para um mais brutal, que fosse mais a cara do Death Metal e tinha mais relação com nossas músicas. Esse material teve uma ótima aceitação, as músicas tinham uma sonoridade mais brutal, e acho que realmente foi um divisor de águas, pois nele conseguimos pela primeira vez fazer uma produção mais trabalhada, com mais tempo, mais recursos e tivemos como opinar em algumas coisas pra deixar como queríamos. Conseguimos bons shows com esse material.
Com este lançamento no mesmo ano a banda fez sua primeira apresentação internacional, vocês tocaram em terras bolivianas. Como foi a experiência de tocar fora do país pela primeira vez? Se apresentaram como uma dupla ou teve o suporte de um session member assumindo o baixo?
Diogo Rodrigues – Pois é, recebemos o convite para tocar num fest que foi realizado em Cochabamba na Bolívia. Nosso material chegou até um produtor boliviano que estava de passagem no Brasil. Ele tomou conhecimento da banda e foi conferir nosso show no extinto M868 na cidade de São Paulo, depois de alguns dias ele voltou para a Bolívia para organizar esse evento e fez o convite na qual aceitamos. Até então só havíamos tocado em outras Cidades e outros Estados, então para nós foi uma grande conquista sair do país para tocar, ainda mais fazendo um som underground. Foi uma experiência muito louca, tivemos alguns problemas com a polícia do aeroporto na Bolívia, mas no final deu tudo certo. Fizemos um “bate e volta” monstruoso, fomos num sábado e voltamos domingo, pois na segunda feira tínhamos que trabalhar. Nesse dia tocamos com a lendária banda Chakal de Minas Gerais. Na época desse show o baixista era nosso amigo Jota, que toca na banda Mortal Hate. Foi um feito grande para nós ter tocado nesse fest.
Em 2012, o Chaoslace apresenta em sua formação um novo integrante, alia-se a banda o baixista Giovanni Fregnani. Como foi a entrada dele na banda? Qual o ganho que ele proporcionou à banda com sua entrada no seu ponto de vista?
Diogo Rodrigues – A demanda de show estava aumentando e o baixista Jota não tinha o tempo necessário para fazer todos os shows por conta do emprego que tinha na época, o qual tomava seu tempo aos finais de semana, e o objetivo da banda sempre foi tocar ao vivo, e foi então que entrou o Giovanni. Tínhamos colegas em comuns e o Giovanni já havia ido em alguns shows do Chaoslace, fizemos o convite e explicamos sobre os shows que estavam surgindo, então ele abraçou a idéia. Com a entrada dele conseguimos agendar muitos shows pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e o Litoral em 2012. Quase todo final de semana estávamos viajando e ampliando nossa divulgação, conhecendo bandas novas, amigos novos, pessoas ligadas ao metal. Outro ponto foi que apesar de algumas dificuldades que se encontra por aí, o Giovanni não abandonou o barco. Já passamos uns perrengues “rs”.
Após sua entrada a banda volta a tocar em solos internacionais e desta vez foram mais longe, passaram pela Argentina em 2012, México em 2014 e Paraguai em 2015. Dá para perceber que a banda é muito conceituada fora do país. Como foi estar nestes países levando o Death Metal brasileiro para os headbangers de lá?
Diogo Rodrigues – Pois é, depois da entrada do Giovanni tivemos mais flexibilidade para poder agendar os shows. Esses shows foram todos por meio de convites dos produtores desses países, sem forçar nada. Fizeram as propostas e aceitamos. Estar nesses lugares tocando Death Metal foi muito foda. Em 2012 participamos de um fest em Buenos Aires na Argentina, a gig foi junto com nossos amigos da banda Pile of Corpses de São Paulo e também teve algumas bandas locais como a banda dos anos 80 chamada Devastacion.
Em 2014 recebemos o convite para fazer um tour de 16 dias por várias cidades e estados do México, junto com a banda Heretic, que toca um Death Metal brutal (recomendo).
Em 2015 fizemos uma gig foda no Paraguai, na qual também recebemos o convite por parte de um produtor local. Foi uma ótima gig.
Falando especialmente do México, vocês excursionaram por 16 dias tocando quase que em todo país. Como surgiu a proposta desta turnê? Por quantas cidades mexicanas vocês passaram?
Diogo Rodrigues – Exatamente, fizemos um pequeno tour de 16 dias pelo México junto com a banda Heretic. A tour foi feita e organizada pelo pessoal da banda Heretic, que tomou conhecimento do nosso som e fizeram o convite, dando todo suporte necessário para que a banda fosse até lá fazer essa tour de uma forma bem profissional. Passamos por 8 cidades e alguns estados, fomos até o deserto de Sonora, conhecemos muitas bandas boas. Todos os shows foram bons. Foi um tour onde tudo deu certo.
E o sucesso de sua trajetória não se resume apenas aos shows internacionais. Aqui no Brasil a banda já tocou ao lado de grandes nomes como Krisiun, Chakal, Torture Squad, Necromancia, Rebaelliun entre outros… Nos fale à respeito…
Diogo Rodrigues – Pois é aqui já tocamos com algumas importantes bandas do cenário metal. Para nós foi uma honra poder tocar ao lado do Krisiun e Rebaelliun algumas vezes e poder dividir o mesmo palco e que são bandas que curtimos há muitos anos e que nos influenciam até hoje.
Em 2018 a banda finalmente nos presenteia com o tão esperado Debut álbum, “Inhumane Terror Cult”. Nos conte, como foi toda concepção deste álbum?
Diogo Rodrigues – Esse álbum demorou um pouco pra gente fazer pois a gente não parava de tocar, teve um ano que fizemos uns 50 shows, mas finalmente conseguimos o tempo para esse lançamento. Para esse Debut pegamos todas as músicas que tínhamos das demos antigas e gravamos da forma que tocamos hoje, mais brutal, mais rápido, algumas passagens diferentes, demos uma arrumada em algumas músicas e fizemos uma produção muito melhor. Tínhamos boas músicas gravadas nas demos, então resolvemos regravar elas de uma forma mais profissional e uma forma mais brutal mesmo, soando como a banda está hoje.
Para o lançamento do Debult a banda conta a Obskure Chaos Distro. Como está sendo a divulgação e distribuição do material? Como surgiu essa parceria?
Diogo Rodrigues – Sim a Oskure Chaos Distro que está lançando esse material e a divulgação está legal, sendo feita em muitas partes do Brasil, tem gente de todo canto procurando, tanto com a banda quanto com a distro. Em algumas lojas da Galeria do Rock está sendo vendido também, nos shows sempre vende. Também foram vendidos alguns CDs para outros países como a Tailândia.
O Ricardo da Obskure Chaos Distro tomou conhecimento do lançamento e se propôs a fazer esse lançamento. Entramos num acordo e rolou legal. Ele também divulga para outros países.
Este álbum foi produzido pela própria banda e contou com a mixagem e masterização do ilustre Fabiano Penna, que infelizmente não está mais entre nós. Como foi a experiência de trabalhar ao lado dele? Na sua opinião, o que nos diz do resultado final?
Diogo Rodrigues – Toda gravação e captação das músicas do álbum foram feitas pelo Cleber Orsioli. A Produção (MIX e MASTER) foi feita pelo grande Penna. Foi muito válido trabalhar com o Penna e foi uma experiência ótima, ele já conhecia o trabalho da banda, já sabia mais ou menos como deixar o som, é um cara que estava sempre antenado no meio Death Metal, então confiamos e deixamos tudo nas mãos dele. Nunca havíamos trabalhado com alguém produzindo assim dessa forma, e na minha opinião o resultado ficou devastador e violento. O Penna fez um grande trabalho. Quando ouvimos a primeira música ficamos empolgados. É ótimo ouvir sua própria música produzida por um cara que tem um grande conhecimento no meio Death Metal.
Hail Penna (RIP).
Para divulgação do ótimo “Inhumane Terror Cult” a banda está fazendo muitos shows? Haverá uma turnê internacional?
Diogo Rodrigues – Sim, estamos com bastante shows, conseguimos participar de alguns festivais legais como o Franca Metal Fest, tocamos em Cuiabá/MT, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Litoral de São Paulo, Interior de São Paulo.
Por hora não temos nada marcado fora do Brasil. Até surgiu um tour pela América do Sul, mas devido aos nossos empregos, as vezes fica ruim de marcar tour. E na Europa por hora ainda não surgiu nada. Não queremos forçar um tour. Tem que acontecer de forma natural e profissional.
Mudando de assunto novamente. A veia lírica da banda é bem obscura, vocês abordam temas como anti-religião, guerras, catástrofes e conflitos humanos. Quem é o principal compositor da banda? Você pode nos falar a respeito da veia ideológica por trás do Chaoslace?
Diogo Rodrigues – Realmente temos temas obscuros. No geral todos já fizeram letras ou participaram com palpites em algo, mas acho que o Leandro fez mais que todos. Resumindo sobre a ideologia, são temas que abordam a religião destruindo e corrompendo a raça humana, conflitos e atrocidades brutais em nome da religião. Basicamente isso.
À respeito da cena atualmente, como você enxerga a atual cena no Brasil?
Diogo Rodrigues – Pelo que eu vejo e tenho participado, creio que a cena está forte, com muitas bandas boas como o HAVOK 666, JUSTABELI, BARBATOS, KROMORTH, SPIRITUAL HATE, CRANIAL CRUSHER, FUNERATUS e muitas outras, muitos eventos rolando, uma galera dando a cara a tapa e produzindo shows, bandas com ótimas produções. Tem sempre uns que falam que a cena está fraca e tal, mas está rolando legal, dificuldade sempre tem, mas está acontecendo. O Underground nunca morre.
Com o lançamento desde grande trabalho que tive o prazer de ouvir e fazer uma review. Realmente é uma banda muito talentosa e segura em sua proposta. Quais os planos futuros para o Chaoslace?
Diogo Rodrigues – Aliás muito obrigado pelo review “rs”. Os planos da banda são continuar tocando, tentar fazer shows em lugares e festivais que ainda não fomos, aliás são muitos ainda. Já estamos compondo alguns sons novos para um futuro álbum novo e tentar fazer com que nosso som chegue em mais lugares.
Grande Diogo Rodrigues, muito obrigado pela entrevista cedida e conte sempre com o apoio da Roadie Crew. Um fortíssimo abraço e fique à vontade para escrever as últimas linhas desta entrevista… o espaço é seu…
Diogo Rodrigues – Poxa eu que agradeço pelo espaço e pela oportunidade de poder falar um pouco sobre a banda. Quem quiser conhecer mais sobre a banda, marcar shows ou adquirir nosso material (camisetas, CDs e patches) é só nos procurar pelas redes sociais ou comparecer aos shows e que apoiem as bandas verdadeiras do underground.
Abaixo o segue o Lyric Video da poderosa música “Inhumane Terror Cult” faixa que dá nome ao álbum. Assistam: