Por Leonardo M. Brauna
O ano de 2019 na cena metal brasileira começou com uma grande novidade, que foi o surgimento da Omminous, banda cearense que já está com o primeiro álbum no gatilho, chamado “Immensity”. O que muita gente não sabe é que Lenine Matos (vocal), Yago Sampaio (guitarras), George Rolim (baixo) e Diego Vidal (bateria), até o final de 2018 formavam a banda Coldness, que possui um background com dois álbuns oficiais e uma turnê internacional, mas que acabou depois da saída do tecladista Gabriel Andrade. A ROADIE CREW conversou com Lenine sobre os projetos do novo grupo e a consequência dessa divisão, já que Gabriel, mais recentemente, resolveu reativar a Coldness sem seus ex-companheiros.
É viável falarmos sobre a Coldness neste início de carreira da Omminous, afinal, a banda surgiu após um de seus fundadores, Gabriel Andrade, sair. Por que decidiram seguir adiante com outro nome?
Lenine Matos: Seguimos com um novo nome por decisão unânime e concreta de que, o que aconteceu, foi um sinal da necessidade de mudança nas visões da banda. Tudo muito frágil! Da parte do Sr. Andrade em várias questões, como transparência com direitos autorais, plataformas de internet, decisões veladas baseadas em ego, falta de comunicação, desdenho com os remanescentes… basta ler a nota que ele mesmo exigiu que soltássemos. Na verdade, ele abandonou o barco em pleno vapor sem muitas explicações, sem diálogo ou abertura para isso. Fez por mensagem de whatsapp. Me encontrei uma vez com ele para – pasmem! – recolher todo o material da Coldness, CD´s, camisas, botons, chaveiros, tudo! Mais um sinal de seu possível desinteresse com a banda em si. Também achamos melhor termos uma imagem independente, de uma banda renovada e com outra abordagem, sobretudo no underground, já que fomos prejudicados pela forma que ele fazia certas tratativas com a cena, muitas vezes sem nosso conhecimento real.
Após anunciarem o surgimento da Omminous, Gabriel surpreendeu a todos ao declarar o retorno da Coldness, mas curiosamente, o músico falou nas redes sociais em uma nova formação. Ele chegou a procurá-los para fazerem isso juntos?
Lenine: Não. Ele de forma estranha e talvez imatura, bloqueou os ex-membros da banda e até pessoas que tivessem ligações conosco e, em seguida, soltou a nota. Os remanescentes não sabiam absolutamente nada do porquê de ele ter saído da banda. Veja, entenda, nós não sabemos. Incrível, não? O que sabemos é de seu trabalho com axé music através de cartazes de internet, em parceira de companheira. Não fazemos a menor ideia como tudo isso vai se dar, pois afinal de contas, a Coldness também é legado nosso!
Olhando mais para a Omminous, há uma previsão de lançamento de “Immensity”? O quanto de material já está pronto para este primeiro álbum?
Lenine: Pretendemos lançá-lo ainda neste primeiro semestre… sim, seria responsável dizer isso. Falta apenas vocais, mixagem e masterização. Até os teclados já foram rearranjados.
As primeiras composições da Omminous são herança da Coldeness ou vocês começaram do zero? Como Gabriel era um dos principais compositores quando vocês eram a Coldness, quem ficou à frente das criações, agora?
Lenine: Há herança sim! Afinal, não vimos motivos para jogar no lixo ou engavetar o nosso esforço de quase três anos nessas músicas. Ele não é o principal compositor do ‘Immensity’, essa é uma realidade que ficou no passado na produção do que seria o terceiro álbum da Coldness. Nós como um coletivo na composição, um grupo, todos fazem parte. Nas letras, por exemplo, temos oito do George, duas minhas e uma do Yago. Apenas uma foi escrita pelo Sr. Andrade em parceria com George.
Diferente da Coldness, a formação que originou a Omminous não conta com tecladista. Podemos esperar um grupo mais voltado ao peso das guitarras e menos influenciado pelo metal progressivo?
Lenine: Em relação as guitarras, podem esperar um trabalho fantástico com peso, agressividade, técnica e muita, mas muita alma e personalidade! Yago definitivamente trouxe uma pegada que não havia antes na discografia da Coldness. Sobre progressivo, é algo que sempre foi muito mais presente na veia artística dos membros que aqui estão, então ela está aflorada com certeza!
Pelo que você disse há pouco sobre as composições, o álbum terá doze músicas. Quantas já estão prontas e como será o repertório nos palcos?
Lenine: Estão todas prontas! O repertório consistirá somente de músicas da Omminous. Acreditamos que ficar aguardando o tempo certo chegar não é mais a nossa pegada. Além de que, claramente, o público merece ouvir um material novo após tantas expectativas.
A experiência que obtiveram tocando fora do Brasil contribuiu para um amadurecimento artístico? Durante a turnê, passaram por países com pouca tradição no metal. Como foi a receptividade nesses lugares?
Lenine: Completamente, te traz uma maturidade tremenda. 21 dias fora do país fez por nós o que cinco anos não seriam possíveis sem sair do Brasil. Principalmente no fortalecimento de visão de vida de cada membro. A receptividade foi muito positiva, basta ver os vídeos, onde os cabo-verdianos estão batendo cabeça e curtindo como se conhecesse tudo. Entramos para a história da ‘Ilha do Fogo’ como a primeira banda de rock/metal a tocar por lá. Tudo isso só foi possível porque em algum momento da banda havia uma unidade, todos trabalhando em equipe e desbravando novas culturas e lugares. Isso é banda! Na Europa tem que ser casca grossa, no mesmo mês tinha Metallica, Dream Theater, Sting e Scorpions, só em Lisboa (POR).O nível é alto!
Vocês já tocaram em festivais importantes de Fortaleza/CE, concorrendo em editais culturais, tanto em produções privadas como em secretarias estatais, ou mesmo como convidados de produtoras reconhecidas. Para 2019 pretendem intensificar esses projetos ou olharão mais para outras localidades?
Lenine: Absolutamente, o trabalho continua. Devemos ter uma abordagem mais aberta e dinâmica, mas tocar em grandes eventos é magnífico, lhe dá uma visão diferente. Te força a evoluir tecnicamente no business. Mas sempre achamos que se afastar do underground não é uma coisa saudável. Essa imagem foi outra razão que nos motivou a mudar a abordagem. Agora com um membro do Carirí/CE (interior do estado), Diego Vidal, podemos trazer mais tato a esse networking, pois ele é um cara respeitado e querido por muito gente pelo país e pelounderground. Até já fechou show em abril no ‘Festival Metal Cariri Alliance’!
Agradecemos a sua atenção para esta entrevista. Por favor, deixe um recado a quem nos acompanha e acompanha a banda.
Lenine: Nós é que agradecemos, e em nome do Omminous eu vós digo, se segura que vamos arrebentar tudo, agora somos uma banda!
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