Por Eduardo Simões
A sigla NAMM significa National Association of Music Merchants, algo como Associação Nacional dos Comerciantes de Música. De acordo com os seus organizadores, o evento fortalece a indústria de instrumentos musicais e promove os prazeres e benefícios de fazer música. Mas a NAMM é muito mais do que isso… Metade dos músicos que você escuta frequenta a NAMM e você tromba com eles dando autógrafos, tirando fotos e discutindo detalhes do seu equipamento, técnica e carreira.
Comecei a minha visita pelo stand da Gibson. O gigantesco stand estava dividido em dois grandes ambientes. No primeiro, centenas de guitarras com placa onde se lia: “teste essa guitarra”. No segundo um grande palco com vários shows – no sábado Robby Krieger tocou várias músicas do The Doors.
Próximo passo: o stand da ESP. Logo na entrada Ron Bumblefoot Thal conversava com Vivian Campbell sobre amplificadores, cordas e braços de guitarra fretless, ou seja, sem trastes. Testei as novas guitarras da linha LTD, que mesmo mais em conta, são sensacionais. Outro destaque eram os amplificadores ENGL, que firmaram parceria com a ESP.
Chegando no stand da Ernie Ball encontro John Petrucci conversando com fãs. Já que ele estava ali resolvi testar uma belíssima guitarra John Petrucci vermelha que custa U$ 3.000,00. Lá… Que guitarra! Infelizmente continuei não conseguindo tocar metade das músicas do Dream Theater. Talvez mais da metade….
Na sequência o stand da Ibanez. Peguei uma guitarra Prestige e uma J-Custom para comparar. Queria descobrir porque a segunda custa o dobro da primeira, que já não é barata. Excelentes guitarras. Mas… E tivesse batido uma na outra? Ou deixado cair no chão? Na NAMM parecem não se preocupar: salvo raras exceções você pode testar à vontade todos os produtos.
No stand principal da Fender testei algumas de guitarras, pedais e amplificadores. Depois assisti o show do músico Nathaniel Murphy, que em um pequeno palco tocava para 10 pessoas versões de músicas de clássicos do rock e pop americano em uma bela Stratocaster preta. Mais um pequeno show que se durasse horas ninguém se importaria.
No stand ao lado as outras marcas ligadas à Fender: Jackson, EVH, Charvel, etc. Como sempre, os produtos EVH, criados de acordo com as especificações do Eddie Van Halen são destaque. Neste ano o destaque era um protótipo da guitarra Striped Shark, ou Shark Byte, cópia de uma das guitarras que Eddie nos primórdios da banda e que deve chegar às lojas dos EUA em maio. Na entrada do stand da Fender Dave Ellefson, Andreas Kisser, Phil Demmel e Scott Ian faziam uma disputada sessão de autógrafos. Scott Ian estava acompanhado do seu filho, que recebeu uma Jackson de um funcionário da Fender para se distrair enquanto o pai trabalhava.
Próximo passo: tirar uma foto com Michael Anthony. Entrei na fila da sessão de autógrafos e ouvi os funcionários da Peavey gritando as instruções: “um item autografado por pessoa, andem rápido e, por favor, NÃO PERGUNTEM SE ELE VOLTOU PARA O VAN HALEN.” OK! Proibido esclarecer boatos! Antes de me autografar a capa do meu Van Halen I ele perguntou o meu nome. Quando ouviu a resposta caiu na gargalhada. Mostrei o meu crachá pra mostrar que o meu nome realmente é Eduardo, Ele escreveu “para Eddie com um abraço”.
O número de marcas é intimidador. São aproximadamente 20 mil stands. De repente você está testando amplificadores de marcas menos populares. Alguns custam realmente muito caros, mas valem cada centavo. Se tiverem oportunidade testem os Diezel, Friedman e Morgan.
No stand da Framus toquei na guitarra modelo Devin Townsend. Quase 10 mil dólares! Depois toquei em um protótipo bem mais em conta, que chegará ao mercado no segundo semestre. Fiz de tudo pra sair de lá com ela, mas não podiam vender o protótipo.
Uma coisa gratificante na NAMM é ver que as empresas brasileiras, como a Tagima, SG e Nux, estão despertando muito interesse nos EUA. Da mesma forma, muitas bandas brasileiras recebem um respeito muito grande do público e dos patrocinadores. Encontrei músicos do Sepultura, Krisium, Angra, Andre Matos, Edu Falaschi, Eminence, Claustrofobia, Sinistra, Quarteto Kroma e Oficina G3. Todos sendo tratados com o respeito que merecem! Andreas divulgava cordas e cabos com a sua assinatura, amplificadores Orange e guitarras Jackson. Marcelo Barbosa e Felipe Andreoli marcavam presença em folders no stand da Ibanez, Alan Wallace do Eminence renovava contrato com a ESP. Kolsene, do Krisium, dava autógrafos no stand da Peavey. E, embora não tenha encontrado o Aquiles Priester, vi a sua enorme bateria exibida com destaque no stand da Sonor.
A Roland montou uma sala com isolamento acústico dentro do seu stand. Então, do lado de fora, uma banda de country fazia um show com produtos da marca. Dentro do “aquário”, Dirk Verbeuren, baterista do Megadeth, “destruía” a nova bateria eletrônica da marca.
Na PRS eu testei o cabeçote MT 15, criado de acordo com as especificações do Mark Tremonti. Tão impressionante quanto as guitarras da marca.
As empresas de bateria deixam todos os pratos nos stands com as baquetas preparadas. Coloquei o protetor de ouvir e testei sem cerimônia todos os pratos de várias empresas. O mesmo teste/terapia podia ser feito em vários estandes de peles e baterias, tornando o lugar, em alguns momentos, bem barulhento.
Andando você costuma ouvir pequenos “shows” bem interessantes. De repente escuta alguém mandando uma versão sensacional de Waysted Years, você sabe de quem… Era Ron Bumblefoot Thal, com violão e voz. Como se estivesse em um churrasco, rodeado de amigos. Não sabia que cantava tanto. Depois da sua apresentação vários repetiram a mesma frase: Ron é um dos músicos mais acessíveis da NAMM.
Outra coisa interessante é que os presentes, mesmo os mais famosos, tratam bem os fãs – em três anos de NAMM vi apenas quatro músicos não sendo educados.
Finalmente, preciso comentar que além das centenas de shows abertos a todos, acontecem alguns eventos com ingressos limitados. Nesse ano a banda que gravou o clássico Eat Em And Smile com David Lee Roth se reuniria para uma jam que teria Jeff Scott Soto cantando. Infelizmente os ingressos estavam muito disputados e fiquei de fora.
É difícil explicar o que é ir à NAMM. Mas espero ter dado uma breve noção. Se tiver chance de ir um dia não pense duas vezes!