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DESTRUCTION / NERVOSA – São Paulo/SP, 23 de setembro de 2018

No último domingo, a música pesada tomou conta da cidade de São Paulo, que se viu recheada de shows. Teve para todos os gostos e a ROADIE CREW marcou presença em cada um eles. Os fãs de prog/power metal assistiram a segunda noite consecutiva do show de retorno do Shaman, os ‘black metallers’ puderam conferir os suecos do Marduk, enquanto que os entusiastas do post-punk tiveram a chance de ver o grupo inglês Killing Joke estrear em solo brasileiro e comemorar 40 anos de carreira. Como se não bastasse, o thrash metal rolou solto no centro da cidade, com o lendário Destruction, um dos alicerces do chamado “Teutonic Thrash Metal”, que teve como banda convidada outro trio: suas amigas da Nervosa. O veterano grupo alemão finalizava na capital paulistana a perna brasileira da “The Butchers Are Back! Latin Attack 2018”, que passou por outras cinco cidades. Nessa atual turnê, o Destruction tem promovido o álbum Thrash Anthems II (2017), material que repete a ideia da primeira parte, lançada em 2007, trazendo regravações de seus antigos álbuns. Por sua vez, as brasileiras da Nervosa seguem na divulgação de seu terceiro e mais brutal ‘full lenght’, Downfall of Mankind, que chegou ao mercado em meados de junho.

Antes de começar a rodar o Brasil, o Destruction já havia desembarcado em São Paulo para a realização de um ensaio vip, que foi aberto ao público no sábado, dia 15. Na ocasião, um número razoável de pessoas compareceu ao Espaço Som e assistiu a um ensaio bem descontraído, que começou com os veteranos Marcel “Schmier” Schirmer (vocal e baixo) – que recentemente deixou o Pänzer – e Mike Sifringer (guitarra) ajustando detalhes de algumas músicas que ainda não estavam tão entrosadas com o novo baterista, o canadense e também experiente Randy Black (Annihilator, Primal Fear, W.A.S.P.), que um dia antes havia feito um workshop no EM&T (Escola de Música e Tecnologia) junto a Henrique Pucci (Noturnall / Endrah – ex-Project 46). Com tudo acertado, o ensaio seguiu com cara de show, já que os músicos do Destruction passaram um repertório extenso e até abriram espaço para os fãs pedirem algumas músicas. Até a própria Fernanda Lira da Nervosa participou cantando a clássica Bestial Invasion do grupo germânico. Ao final do ensaio, os fãs puderam tirar fotos, pegar autógrafos e conversar com os ídolos, que foram todos bem atenciosos e até distribuíram fotos e palhetas para os mais sortudos.

Voltando a falar do show do último domingo, Destruction e Nervosa chegaram tensos e cansados ao local devido ao perrengue que passaram durante o dia com o cancelamento do voo que os trariam de Manaus. Isso acarretou em atraso para as bandas chegarem à Sampa e também para o cronograma do evento. Mas falemos agora sobre os shows… Após introdução mecânica, que deu início aos trabalhos às 20h30 – uma hora após o horário marcado -, a Nervosa, que em junho já havia se apresentado no mesmo Espaço 555 com os ‘thrashers’ americanos do Havok, entrou arregaçando com Horrordome, música que abre o mencionado novo álbum, seguida da ótima Death!, do debut Victim of Yourself (2014). Ambas foram executadas com uma fúria tão brutal, que parecia que o estresse passado deixou Fernanda (vocal e baixo), Prika Amaral (guitarra e backing vocal) e Luana Dametto (bateria) com sangue nos olhos. Com a simpatia de sempre, na primeira pausa Fernanda falou que, devido aos transtornos que passaram naquele dia, era um milagre as duas bandas estarem ali. Ela também avisou que, por conta do atraso, não haveria tempo dela ficar trocando muita ideia com o público nos intervalos entre as músicas. Assim sendo, as pedradas vinham uma atrás da outra.

Mesmo com a limitação de espaço, por causa do praticável da bateria do Destruction que fez com que as garotas tocassem enfileiradas uma do lado da outra, com Luana ao meio, e Fernanda e Prika nas pontas do palco, elas comandaram o público, que correspondeu agitando o mosh na pista. E tanto após “Hostages” do segundo álbum Agony (2016), quanto ao final da nova, Never Forget, Never Repeat, os headbangers exaltaram a Nervosa gritando seu nome em coro. Dois outros grandes momentos aconteceram em Masked Betrayer – música que através de seu videoclipe tornou a banda conhecida internacionalmente -, e na derradeira e sugestiva Into Moshpit, que aumentou a adrenalina na pista. Foi um set de 45 minutos, em que a Nervosa foi beneficiada por uma boa qualidade de som. Assistidas inclusive por figuras como João Gordo (Ratos de Porão) e pelos irmãos Moyses e Max Kolesne (Krisiun), que estavam no camarote superior, Fernanda, Prika e Luana passaram por cima dos percalços pré-show que poderiam lhes tirar a concentração, e mostraram um entrosamento altamente afiado, que foi reconhecido pelo público geral, que as saudou ao final do show.

Antes da atração principal entrar em ação, o cronograma ficou ainda mais apertado devido a espera de 35 minutos para que o palco e todos os ajustes ficassem prontos. Com a casa já cheia, o Destruction matou a ansiedade dos fãs, quando pouco antes das 22hs assumiu o palco debulhando com a cortante Curse the Gods, do avassalador Eternal Devastation (1986). O caos estava feito na pista. Mas uma falha no microfone principal obrigou Schmier a cantar no que ficava ao centro do palco. O início de Armageddonizer de Day of Reckoning (2011) já estava rolando quando, irritado, Schmier, propositalmente, derrubou com os pés duas das caixas de retorno frontais no pit dos fotógrafos que por ali trabalhavam – uma atitude desnecessária, diga-se, tanto para com os profissionais, quanto para com a casa, dona do equipamento.

Sem pausa e ignorando o cansaço, Schmier, Randy e a máquina de riffs que atende por Mike Sifringe, não mostraram piedade e mandaram outra porrada, a impiedosa Tormentor, do aclamado debut Infernal Overkill (1985). Foi o suficiente para que a pista ficasse ainda mais insana. Depois dessa, a resposta dos fãs não poderia ser outra: gritos inflamados de “Destruction, Destruction…” – com Randy acompanhando-os nos bumbos. Na pausa, Schmier resmungou, com razão, sobre o lance do voo, de estar sem dormir e dos problemas técnicos (do camarote dava para vê-lo discutindo com seu roadie, quando o frontman ia atrás do palco reclamar do pedestal do microfone que teimava em abaixar), mas disse que nada daquilo importava e sim estar ali (tocando para os fãs paulistanos). E ficou claro que sua irritação nada tinha a ver com o público, tanto que, em outro momento do show, Schmier até brincou (sem tom de ironia e muito menos de desrespeito), ao falar do fatídico e histórico embate dos 7 x 1 de sua Alemanha pra cima do Brasil, que o eliminou em casa na Copa de 2014.

Dando sequência, foi a vez da ótima Nailed to the Cross, música gravada no álbum The Antichrist (2001), e que considero ser uma das melhores que o Destruction gravou desde que Schmier retornou ao grupo no ano de 1999. Dali para frente, apenas três músicas desse novo século foram tocadas, no caso, Dethroned, The Butcher Strikes Back e Thrash Till Death. No mais, além do solo de bateria do competente Black – que era quem controlava o sampler com as introduções que rolavam antes de algumas músicas -, o Destruction baseou sua artilharia com um cartucho recheado de munições de seus consagrados registros gravados na década de 80, ou seja, os citados Infernal Overkill e Eternal Devastation e também Release From Agony (1987) e os EPs Sentence of Death (1984) e Mad Butcher (1987). A grande surpresa foi a inclusão de Black Mass, que alucinou os fãs, até porque, como Schmier relembrou, essa nunca havia sido tocada em outra turnê pelo Brasil – quem também esteve no ensaio do dia 15, a ouviu em primeira mão. O Destruction judiou do pescoço dos headbangers com um setlist forrado de hinos. E dá-lhe relaxante muscular na segunda-feira para aguentar os danos causados por Mad Butcher, Life Without Sense, Release From Agony, Eternal Ban – antes dessa, Schmier pediu uma cerveja, falou da nossa cachaça e, ao receber uma Budweiser, atirou a garrafa ao público, ironizando: “Budweiser não é cerveja!” -, Total Desaster, Antichrist, e a instrumental Thrash Attack, que fechou a primeira parte do set.

Na rápida volta para o bis, o trio mandou a citada Thrash Till Death, outra de The Antichrist (2001). Depois, ao contrário dos outros shows feitos no Brasil, em que nessa parte do set o Destruction alternou entre os covers Holiday in Cambodia (Dead Kennedys) e Fuck the USA (The Exploited), Schmier até sugeriu tocar algum punk rock, mas deixou nas mãos dos fãs decidir entre a própria Fuck the USA e Invincible Force. Venceu a música de seu debut. E, para fechar a tampa do caixão, a banda encerrou a noite às 23h30 (uma hora após o horário previamente informado) com outra de Infernal Overkill, a aguardada Bestial Invasion. Entre todos os outros shows que aconteceram nesse domingo último, quem optou por ir ao Espaço 555, só teve uma preocupação no fim do evento: como estaria o pescoço e o restante do esqueleto para aguentar a segunda-feira!

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