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EVIL INVADERS – São Paulo (SP)

Por Nelson Souza Lima

Fotos: André Santos

Final de semana de Virada Cultural em São Paulo. Vários palcos montados pela cidade e nenhum deles dedicado ao metal. É, faz tempo que o rock pesado deixou de ser destaque deste grande evento organizado pela Prefeitura Municipal de São Paulo e que chegou à sua 18ª edição. Sim, tivemos algumas poucas exceções como o punk rock dos Ratos de Porão, Garotos Podres e Gritando HC na Casa de Cultura Butantã, bem como Cólera na Casa de Cultura Tremembé; ao Black Pantera no Palco Rio Cabuçu e ao tributo para a saudosa Rita Lee na Arena Anhangabaú, comandado por Beto Lee. Contudo, os bangers não ficaram órfãos neste período. O show da Evil Invaders, promovido pela Solid Music e Caveira Velha Produções, ocorreu na Jai Club no último dia 28 de maio (domingo) e atraiu um público razoável, que matou saudades dos belgas após sete anos. Em tour pela América Latina e, antes de aportar em solo brazuca, os invasores malignos tocaram no México, Costa Rica, Colômbia, Peru e Chile. A banda encerra a tour em Taubaté, interior de São Paulo, no dia 4 de junho. Ou seja, não dá pra reclamar.

Integrado por Joe (garganta/caras e bocas/guitarra), Max (guitarra), Joeri (baixo) e Senne Jacobs (bateria), o Evil Invaders veio divulgar seu terceiro álbum, “Shattering Reflection”, de 2022. Seguindo todo o manual do metal das antigas, o quarteto mostrou uma das mais insanas performances vistas em São Paulo. Os mimizentos dirão que é chiclê. Mas é um bate cabeça de alto nível. Stage dives, “Hey, hey, hey”, solos, riffs, trabalho vocal de prima, rodas e cervejas aos montes. Rolou tudo isso e, no final da apresentação, o vocalista Joe, como bom banger que é, pulou do palco e foi para os braços da galera. Antes de tudo isso, quatro bandas fizeram o esquenta e, apesar da chuva e frio, mostraram ótimos shows provando que o Brasil está muito bem representado quando o assunto é heavy/thrash/speed metal.

O cast trouxe as paulistas Eskrota, Biter, Night Prowler e Flagelador. Essa última, apesar de criada em Nitéroi (RJ), está em São Paulo há tanto tempo que se tornou patrimônio da terra da garoa. Devido a algumas questões logísticas houve alteração na ordem das bandas e o trio Eskröta, que havia se apresentado dias antes no SESC Belenzinho, tocou primeiro, abrindo os trabalhos por volta das 18h. Com apenas seis anos de trajetória, a banda surgida em Rio Claro, interior de São Paulo, mostra o quanto se torna madura a cada novo trabalho. No palco Yasmin Amaral (vocal e guitarra) e Tamyris Leopoldo (baixo e backings) dão prova que lugar de mulher é onde quiser, inclusive (e principalmente) no palco.

Uma sonoridade encorpada indo do thrash ao hardcore/crossover, trabalhando temas como feminismo e injustiças sociais em português. Neste show, alguns bleast beats e metrancas ficaram a cargo de Cleber Castellano, batera convidado da vez. Jhon França, batera e produtor que trabalha com as meninas desde 2020, assistiu a competente apresentação da plateia.

A voz de Yasmin é firme nos guturais e, no set curto, deram prova de que é uma banda com muito a contribuir na cena pesada. No repertório, músicas dos álbuns “Atenciosamente, Eskröta” (2023), “Cenas Brutais” (2021) e do EP T3RROR” (2022). Na ‘intro’, um áudio falando de crimes brutais, feminicídios e todo tipo de violência e injustiças praticadas contra mulheres foi a deixa para “Cena Tóxica”, seguida por “Bife do Inferno” e demais porradarias como “Playbosta”, “Grita”, “Homem é assim mesmo” e um final com direito a rodas na emblemática “Mulheres”, algo que também ocorreu no SESC Belenzinho.

Sai a Eskrota para adentrar outro ótimo representante da cena metal do interior paulista. Vindos de Indaiatuba, o quarteto Biter é uma banda que, desculpe a brincadeira, entra “mordendo” no palco. Tudo nos caras é caprichado. Do visual retrô ointentista com tachas, couro, correntes, cabelos compridos e até bigodinhos no melhor estilo Graham Oliver do Saxon. Mas o melhor de tudo é a sonzeira heavy/speed detonada por músicos competentes que sabem o que estão fazendo. E fazem bem. Como dito, por questões logísticas as bandas tiveram que encurtar os sets e, no caso do Biter, mesmo com tempo escasso tiveram grande performance.

Em oito anos de estrada, Brian Adriano (vocal e baixo), Diego Alcon (guitarra e vocal), Jimmy Walker (guitarra) e Anderson Bregatin (bateria) já têm no currículo turnês ao lado de gigantes como Iron Angel, Nuclear Warfare, Ambush e o próprio Evil Invaders. Essa brodagem com os belgas ficou estreita após o show que dividiram juntos em 2016, quando da primeira passagem da Evil Invaders no Brasil. Diego Alcon diz que a relação entre os grupos gerou uma boa amizade. “Inclusive eu mantenho contato com o Joe via whatsapp. Então pra gente foi uma grande satisfação poder dividir novamente o palco com eles. Além de ser uma bandassa que curtimos muito eles se tornaram nossos camaradas. Sem contar que o evento todo foi animal. Uma noite pra banguear até o fim”, diz o guitarrista da Biter.

Na Jai, os caras mostraram músicas do novo split “Danger at First Bite” e mais antigas do disco estreante “The Eyes of The Bite”, de 2017. O set teve “Nightfall”, “Midnight City”, “Mistress of Darkness”, “Broken Dreams”, “Eye To Eye”, “Heavy Metal Hurricane” e “The Eyes of the Biter”. Sete porradas com direito a rodas e banguers batendo cabeças de forma insana. O único ponto negativo foi a guita de Jimmy Walker que estava mais baixa que os demais instrumentos. Fora isso, Biter deu aula de heavy metal.

Outra mostra de profissionalismo e heavy metal foi a apresentação do Nigth Prowler A princípio pode parecer que a banda surgida em Osasco, na grande São Paulo em 2017, faça algo na linha do AC/DC, uma vez que têm o mesmo nome de uma música do grupo  de Angus Young. (“Night Prowler”, a música está no “Highway To Hell”, de 1979). Mas a sonoridade do quinteto integrado por Fernando Donassi (vocal), Luke D. Couto (guitarra), Igor Senna (guitarra), Gabriel Teixeira (baixo) e Vinicius Talamonte (bateria) vai pelo Heavy/speed/power com guitarras nervosas dobradas, licks, riffs e solos de extrema competência. É uma banda relativamente nova, porém no palco o quinteto tem coesão e precisão absurdas. As guitas de Couto e Senna se completam brilhantemente. Alternam os solos e a presença de palco é digna dos bons tempos do Def Leppard ou Judas Priest.

A cozinha segura de Teixeira (com direito a solos com tapping e hammer) e Talamonte dão todo o apoio para o trabalho das guitas e segurança para os vocais de Donassi. Realmente é incrível o nível dos caras. No set do NP músicas do disco estreante “No Escape…”, de 2018, como “Never Surrender”, “Stranger”, “Burning Desire” e “Make It Real”. O show estava tão insano que Igor Senna desceu no palco e foi pro meio dos fãs numa performance de prima. Mais uma grande apresentação  numa noite impecável.

Mas tinha muito pela frente. Com mais de vinte anos de estrada, o Flageladör é patrimônio da música extrema nacional. Cinco discos na bagagem, turnês devastadoras ao lado de bandas como Exciter, Nuclear Assault, R.D.P., Mayhem, Krisiun, Sufocation e Grim Reaper atestam a competência do quarteto. Liderada pelo vocalista/guitarrista/verdugo Armando Macedo o Flagelador traz na formação atual Alan Magno (baixo/backing), Junior Bezerra (guitarra) e o polivalente Vinícius Talamonte na bateria. O batera trabalhou dobrado, já que minutos antes tinha tocado com o Night Prowler.

O Flageladör em mais de duas décadas angariou uma base sólida de fãs. Ver a galera cantando as músicas de ponta a ponta, bangueando e fazendo rodas insanas é a maior prova do quanto Armando Macedo e companhia são batalhadores do metal. A harmonia das guitas é precisa com solos irados, o baixo de Magno não deixa brechas e a bateria de Talamonte é martelada com trabalho de pedal duplo de torcer o pescoço. Pra mostrar que têm o metal nas veias mandaram, entre outras, “Missão Metal”, “Queimando nas Chamas do Heavy Metal”, “Anjo Exterminador” e “Obcecado por Sangue”, que encerrou o set.

Como já disse outras vezes, shows em casas pequenas permitem que os fãs vejam as bandas se prepararando em pleno palco. Não foi diferente com o Evil Invaders. Quando Joe, Max, Joeri e Senne Jacobs subiram para montar o equipo muita gente chegou perto pra acompanhar os caras. De boa, sem alvoroço, todos ali na expectativa e às 21h26 os belgas deram início ao que seria uma das mais loucas apresentações que a Jai Club presenciou. O quarteto nesta tour brasileira está variando o set entre dezessete, quinze e doze canções. Acredito que pelo horário mostraram o set mais curto, mas que não desanimou os fãs. Ao contrário, foram doze petardos com direito a tudo o que manda a cartilha: rodas, stage dive, muitos “hey,hey, hey”.

A discografia do Evil Invaders é pequena são apenas três álbuns lançados e um EP: “Pulses of Pleasure”, EP de 2013, “Feed Me Violence” (2017), “Surge of Insanity – Live in Antwerp” (2018) e o recente “Shattering Reflection” (2022). A banda equilibrou o set. Abriram com “Feed Me Violence” e “Mental Penitentary”, duas porradas do debut. Chama atenção o fato de Senne Jacobs espancar a batera sem dó e com um sorriso enorme. Deixa claro quanto se diverte durante os show. Porém, quando iam iniciar “Hissing In Crescendo” mostrou aos amigos de banda e para o público que havia estourado a pele da caixa da batera. Risos generalizados e show interrompido. Levou alguns minutos para a troca da caixa e a apresentação recomeçou no gás. Joe, canta, toca, faz caretas e canta como se estivesse possuído. Grande frontman pedia a todo instante que fizessem a roda. Os brothers da Biter também subiam no palco para o stage dive. Caos total.

Além de “Hissing In Crescendo”, o novo disco contribuiu com as insanas “In Deepest Black”, “Sledgehammer Justice” e “Die For Me”, essa última com direito a uma fã subir no palco e fazer o stage dive por duas vezes. Irado. A parte final do set trouxe “Pulses of Pleasure” e “Fast Loud ‘N’ Rude”, do EP “Pulse of Pleasure”. Uma das mais empolgantes foi “Torture By The Beast”, single de 2013. No encerramento o inferno veio à tona com “Raising Hell”, de “Surge Of Insanity – Live In Antwerp”, o disco ao vivo gravado na Bélgica, em 2018.

E como eu disse lá em cima o avassalador Joe foi pro stage dive pra distribuir abraços e selfies com os fãs. Grande encerramento e aula de como se faz um show de Metal. Outro ponto a ser destacado é o fato dos belgas fazerem vários shows em solo brasileiro. Diferentemente dos vizinhos, o Brasil é um país continental o que dificulta o deslocamento de fãs de regiões mais distantes para o Sudeste, onde invariavelmente as bandas se apresentam. Antes de encerrarem a tour no interior de São Paulo, os Invaders passam por Curitiba (30/05), Florianópolis (31/05), Porto Alegre (01/06), Brasília (02/06), Cuiabá (03/06) e Taubaté (04/06).

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