Amanhã (domingo, 22 de maio), os lendários irmãos Nelson, ícones do hard rock do início dos anos 1990, farão uma transmissão ao vivo tocando na íntegra o álbum Imaginator, celebrando os 25 anos de lançamento desse que é o terceiro ‘full lenght’ de sua carreira.
Além da comemoração ao aniversário de Imaginator, a apresentação ganhou tom de homenagem a Joey Cathcart, ex-guitarrista da banda Nelson nos três primeiros álbuns – After the Rain (1990), Because They Can (1995) e Imaginator (1996) -, que morreu de câncer no último dia 19 de maio.
A transmissão virtual acontecerá a partir das 19h (horário de Brasília) e os ingressos custam 20 dólares. Para comprar seu ingresso virtual e obter mais informações sobre a transmissão, acesse https://www.meethook.live/nelson.
O Nelson, grupo dos gêmeos Matthew e Gunnar Nelson, filhos do saudoso cantor country americano Ricky Nelson e da pintora, atriz e escritora Kristin Nelson, e irmãos da também atriz Tracy Nelson, estourou mundialmente no início dos anos 90 com o sucesso comercial de seu álbum de estreia, After the Rain. Hits como a própria After the Rain (6° lugar no Top 10 no Billboard Hot 100’s), as igualmente viciantes More than Ever e (Can’t Live Without Your) Love and Affection (hit #1, certificado single de Ouro) e a inesquecível balada Only Time Will Tell, foram responsáveis pela venda de mais de 2 milhões de cópias do álbum. Impulsionado também por uma turnê mundial de mais de 300 shows, After the Rain alcançou o 17° lugar no chart Billboard 200 e permaneceu nas paradas musicais por 64 semanas, sendo certificado Platina Dupla pela RIAA (Recording Industry Assossiation of America).
O sucesso de After the Rain foi tão grande também no Brasil, que em 1991 o saudoso apresentador Gugu Liberato foi até a casa da família Nelson para entrevistar os gêmeos e seus familiares. A matéria, dividida em duas partes, foi ao ar em dois sábados seguidos no programa Viva A Noite. Naquela mesma época, Gunnar e Matthew vieram ao Brasil e se apresentaram em programas de TV para promover seu aclamado álbum. Na ocasião, a dupla deveria ter tocado em um festival no extinto Aramaçan, em Santo André (SP), porém alguns empecilhos (até hoje não muito bem explicados) fizeram com que o show dos irmãos não rolasse.
Apesar de todo esse sucesso conquistado, o Nelson demorou cinco anos para lançar um novo álbum. Um ato falho que custou caro para a banda. O resultado dessa demora foi que o Nelson acabou passando despercebido em seus próximos lançamentos durante aquela década. Quando Because They Can saiu em 1995, um álbum totalmente diferente do anterior, menos agitado e com uma sonoridade quase que inteiramente acústica, o hard rock já não era mais bem visto para a grande mídia mundial, que o preteriu ao grunge.
A situação foi ainda pior para o Nelson – e para outras bandas que também insistiam no hard rock – quando do lançamento de Imaginator em 1996. Além do grunge, o rock alternativo e o ‘novato’ nu metal já haviam varrido de vez o gênero que dominou o planeta na década anterior.
Na verdade, Imaginator é um álbum que estava engavetado e planejado para ser o sucessor de After the Rain. Deveria ter sido lançado em 1993, porém a Geffen Records o rejeitou por considerá-lo muito pesado para o que esperava da banda. Assim sendo, para não perder contrato, o Nelson atendeu a proposta chantagista da gravadora de compor um álbum mais acessível. O grupo voltou então ao estúdio e entregou aos executivos o mencionado Because They Can. Mais tarde, após se desligar da Geffen, a banda resolveu desengavetar Imaginator e lançá-lo de maneira independente através de seu próprio selo, Stone Canyon. Embora tenha saído no Japão através de um acordo com a JVC Victor, Imaginator só foi lançado nos Estados Unidos dois anos depois, em 1998.
Baseado no conto épico de Leonard the Unlikely, o conceitual Imaginator de fato é um álbum que soa mais pesado do que After the Rain – além de ser recheado de vinhetas entre as músicas. De acordo com a descrição de Gunnar, Imaginator fala “sobre a máquina que é a mídia. A mesma máquina que nos construiu e também estava pronta para nos destruir”. É um álbum que aborda a dependência da sociedade da tecnologia e da mídia para tomar decisões e como as pessoas devem assumir o controle de suas vidas e escolhas. Na ocasião, Gunnar explicou que a banda tinha como intenção provar a sua musicalidade e mostrar o talento de cada integrante. Isso porque, principalmente na época do primeiro álbum, o Nelson era alvo de chacotas por parte de quem torcia o nariz para a turma do chamado ‘hair metal’. Até o desenho Beavis and Butt-Head, que era exibido pela MTV, tirou sarro do visual “paquitas” dos irmãos Nelson.
Para este projeto, Gunnar e Matthew ainda contavam com o mesmo time que os acompanharam nos dois álbuns anteriores: O mencionado Cathcart, Bobby Rock, ex-baterista do Vinnie Vincent Invasion e do exagerado Nitro, Paul Mirkovich, tecladista com passagem pelo Whitesnake, e o guitarrista australiano Brett Garsed, ex-colunista da revista Guitar Player.
Para a construção de Imaginator, o Nelson contou com a colaboração de alguns músicos, entre eles os integrantes de outra banda de hard rock, o Jailhouse. Eram eles: Matt Thorne, Amir Derakh e Dave Alford, trio que tocou também no Rough Cutt, além do guitarrista Michael Raphael e o vocalista brasileiro Danny Simon (hoje no Autograph). Dessa colaboração surgiram músicas como Do You Believe In Religion? e a balada Tell Me, ambas também gravadas (a primeira com o título simplificado para Religion) pelo próprio Jailhouse em seu homônimo álbum. O mesmo aconteceu com a música We’re All Alright (além de She Gets Down), que foi composta em parceria com a dupla Chip Z’Nuff e Donnie Vie, que a gravou no álbum Tweaked do Enuff Z’ Nuff.
Apesar de o Nelson ter acreditado na força de Imaginator e retirá-lo do baú para apresentar aos fãs mesmo em um período de vacas magras para o hard rock, o álbum não obteve o reconhecimento e o sucesso de After the Rain. Felizmente, a banda irá tocá-lo na integra neste domingo e dar uma nova chance de o público conhecer esse material de grande valia musical. E isso fica provado em músicas como as mencionadas Do You Believe in Religion?, Tell Me e We’re All Alright, além das igualmente contagiantes Sooner or Later e Kiss Me When I Cry, o cover de Action do Sweet e outras mais.
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