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KALEVALA – UM BREVE RESUMO DO ÉPICO FINLANDÊS

O rei da Suécia Gustavus II Adolphus assinou um documento em 1630 que demanda a pesquisa de relíquias antigas. A Finlândia, sendo parte do reino da Suécia na época, seguiu o memorando e deu início da coleção de poesia popular finlandesa.

No final do século 18, Henrik Gabriel Porthan publicou seu estudo “De poesi Fennica”, onde defendia que esses poemas populares finlandeses poderiam ser fragmentos de uma narrativa maior. Karl Axel Gottlund no início do século 19, também acreditava na possibilidade de obter uma ampla narrativa com base nestes poemas populares antigos. Um passado muito rico estava prestes a mudar um país.

Elias Lönnrot
O período do Romantismo Alemão foi caracterizado pela associação da língua e literatura aos ideais de uma nação. Pensadores do movimento Sturm und Drang, tendo como maior expoente Johann Gottfried von Herder, buscavam poemas e canções orais que representavam culturas populares. Nessa linha de trabalho, Elias Lönrot publicou a primeira edição do Kalevala em 1835, composta pelos poemas e canções populares organizados em ordem cronológica.

Quando o Kalevala foi publicado, a Finlândia era desde há um quarto de século, um Grão-Ducado da Rússia, tendo antes disso pertencido ao Reino da Suécia até 1809 (como falado no início). No período do domínio sueco (1500-1809) a língua finlandesa tinha muito pouca importância, sendo o sueco e o latim usado nas escolas e áreas administrativas. Somente o povo falava finlandês, e os únicos textos publicados em finlandês eram leis e literatura religiosa.

Durante o domínio russo (1809-1917), a Finlândia possuía uma organização política e administrativa situada entre a Suécia e a Rússia, pois tinham que assegurar a paz na fronteira. Elias Lönnrot manteve o trabalho de pesquisa da poesia popular, e assim publicou a segunda versão do Kalevala em 1849. Esta é a versão oficial lida na Finlândia e traduzida para outros idiomas. Essa poesia popular antiga surgiu há cerca de 2500 – 3000 anos, quando de uma mudança cultural dos povos fineses que viviam junto ao Golfo da Finlândia.

Iniciou-se uma forma particular de cantar, caracterizada pela repetição do verso, assim como pela ausência de estrofes. Os versos obedeciam a um metro singular de quatro troqueus, que passou a ser conhecido como o metro do Kalevala.  É um conjunto de poemas de várias épocas diferentes. Os mais antigos são os poemas míticos, que contam lendas do tempo da criação, do nascimento do mundo e da cultura humana.

A personagem principal dos poemas épicos na maioria das vezes é um cantor poderoso, um xamã, um mago, o líder espiritual da sua tribo, que viaja ao mundo dos mortos em busca de conhecimentos e respostas. A poesia ritual concentrava-se principalmente nas bodas e na matança do urso. Os feitiços ou encantamentos, no metro do Kalevala, eram uma magia de palavras que fazia parte da vida quotidiana.

Esta tradição manteve-se ativa em toda a Finlândia até ao século XVI. Depois da reforma, a igreja luterana proibiu o uso dos cantares, caracterizando todo essa anciã tradição como pagã. Isso proporcionou a outros estilos musicais, vindos do ocidente, ganhassem popularidade na Finlândia. Gradativamente, a antiga tradição começou a desaparecer.

Na Kalevala, as histórias contadas são principalmente de três magos: o velho Vainamoinen, o talentoso Ilmarinen e o temperamental Lemminkainen. O bardo, o ferreiro e o aventureiro. O sábio feiticeiro, o prático artesão e o irrequieto sedutor. Três homens peculiares e personagens muito fortes, que desafiam exércitos, deuses, a própria natureza, às vezes por donzelas, às vezes por despeito e solucionar problemas fantásticos.

O resultado da publicação no país foi impactante. O finlandês começou a ser lecionado nas escolas, inspirou obras artísticas na literatura, pintura, escultura e música. Além de ser motivo do único feriado nacional finlandês. Em resumo, esse épico finlandês teve participação direta na criação da identidade de uma nação.

Kalevala na música Finlandesa
A poesia encontrada na Kalevala sempre foi cantada. Porém, os colecionadores no século 19 estavam mais interessados ​​nas histórias do que na música. A música destes poemas usam geralmente três, quatro ou cinco tons. Alguns podem ter até sete, mas é minoria.

Kantele – Típico e antigo instrumento de cordas do folclore finlandês, em sua concepção básica possui sete cordas fixas. Provavelmente de origem celta, é uma espécie de cítara, e tornou-se um símbolo musical da Finlândia. Nos poemas, o instrumento utilizado pelos poetas para cantar o Kalevala tem sua origem mística. O mago Väinämöinen faz a primeira kantele da queixada de um pique gigante e alguns cabelos de garanhão do Hiisi. A música faz atrai todas as criaturas da floresta perto de admirar sua beleza.

O finlandês Jean Sibelius é um dos mais importantes músicos clássicos a ter composições inspiradas na Kalevala. São doze os trabalhos sobre o tema, incluindo o Kullervo de 1892.

Amorphis – Talvez a mais importante banda de Metal da Finlândia, lançou o álbum conceitual “Tales From The Thousand Lakes” em 1994, e “Skyforger” de 2009. Este último é contado do ponto de vista do personagem Ilmarinen, a quem foi dada a missão de criar o mundo. A cultura finlandesa é marcante nas obras do Amorphis.

Ensiferum – os finlandeses do Folk Metal, com canções inspiradas na Kalevala como “Old Man” e “Little Dreamer”. No EP “Dragonheads temos Kalevala Melody”.

Turisas – a banda adaptou vários versos do canto nove da Kalevala “A Origem do Aço” para a música Cursed Be Iron do álbum The Varangian Way.

Insomnium – Banda finlandesa de Melodic Death Metal tem forte influência do folclore em suas composições, como “The Elder” do álbum “In the Halls of Awaiting” (2002) e “Song of the Forlorn Son” do segundo CD, “Since the day it all came down” (2004).

Amberian Dawn – várias composições são inspiradas na Kalevala, destaque para os álbuns “River Of Tuoni” e “The Clouds of Northland”.

Todas as informações apresentadas sobre a origem da Kalevala e as bandas finlandesas nesse artigo são apenas amostras de um vasto campo a ser explorado de uma cultura riquíssima. Para quem tem interesse, o livro “Kalevala (Poema Primeiro)”, publicado pela Ateliê Editora, pode ser um começo.

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