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LYRIA – Dez questões para ALINE HAPP

Desde que nasceu em 2012 no Rio de Janeiro a banda LYRIA vem mantendo o seu nome em constante crescimento. Os motivos para essa contínua ascensão vêm de uma mistura de elementos, que vão desde a vontade férrea da vocalista e fundadora Aline Happ até o forte caráter musical apresentado pelo grupo, tudo sempre ‘temperado’ com boas ideias, como é o caso do show especial de Natal – mais um dos shows online que eles vêm fazendo desde 2015, e que acontecerá neste domingo, 22 de dezembro. Com dois discos lançados – Catharsis (2014) e Immersion (2018) – conversamos com Aline para conhecer a sua jornada pessoal na música e a sua opinião sobre diversos assuntos.

  1. Aline, você ainda recorda como e quando foi o seu primeiro contato com a música pesada?

Aline Happ: Olá, pessoal da ROADIE CREW! Sim, meus pais sempre gostaram de rock, entre outros estilos que escuto. Então, desde pequena eu ouvia e via vídeos de rock. Quando gostava muito de uma música, ficava colocando ela no ‘repeat’. Quando era criança, cheguei a levar CDs para passear no carrinho de boneca (risos), como SCORPIONS, SIMPLE RED e THE ROLLING STONES. Por volta dos 11 anos o contato com músicas mais pesadas foi maior.

2) Como foi a sua evolução como fã de música?

Aline: Sempre fui muito ligada à música. Gostava muito das músicas da Disney entre outros desenhos, além das que meus pais ouviam (rock, música celta, etc.). Quando criança eu ouvia de tudo desde Espírito Cigano até Mozart. Aos 11 anos comecei a ouvir LINKIN PARK e outras bandas do estilo que conheci porque passavam em canais de música como MTV e Multishow. Aos 13, descobri o EVANESCENCE quando ainda estava começando a fazer sucesso aqui no Brasil, e minha mãe descobriu o NIGHTWISH numa loja, pois gostou da capa do CD (Century Child), e colocamos naquelas maquininhas que tocavam 30 segundos de música, foi paixão à primeira vista e ouvida (risos). A partir daí fomos descobrindo mais e mais bandas de metal.

Aline Happ

3) Naqueles seus primeiros dias como fã, você percebia alguma diferença entre o mundo masculino e o mundo feminino no heavy metal?

Aline: Na verdade não me atentava muito a isso na época. E logo que comecei a ser mais fã do estilo fui rapidamente atraída também por bandas femininas de metal que começaram a fazer bastante sucesso. Mas claro, tem mais homens do que mulheres no metal no geral.

4) O que levou você a decidir seguir carreira como vocalista? Você lembra quando sentiu essa vontade pela primeira vez, e como foi a sensação?

Aline: Acho que pela minha forte ligação com a música. A minha primeira influência foi A Baleia Cantora, que cantava Ópera e me fez querer cantar como ela (risos), assim como as princesas da Disney.  Comecei a fazer aulas de canto com 11 anos, mas foi logo depois de ouvir EVANESCENCE que eu pensei “Que irado, vou ter uma banda assim!”. Então fui me aprofundando no estudo e conhecendo cada vez mais e mais bandas e passei a ir a bastantes shows também.

5) Quais são as suas grandes influências no mundo da música, e como desenvolveu o seu próprio estilo a partir dessas influências?

Aline: São muitas e de diferentes estilos dentro e fora do metal. Para citar algumas: EVANESCENCE, NIGHTWISH, EPICA, LACUNA COIL, LINKIN PARK, DISTURBED, METALLICA, música celta, pop, eurodance, etc. Acho que eu peguei um pouco de cada, e fui entendo o que eu gostava mais em cada, e o que funcionava para mim.

Lyria – Catharsis (2014)

6) Trabalhar com música pesada fez você mudar o olhar que tinha sobre a participação da mulher no cenário?

Aline: Eu tenho grandes influências de bandas com vocal feminino então sempre achei bem natural a presença de mulheres no metal, mesmo que os homens sejam maioria. Acho que nunca tive grandes problemas nesse sentido. Ao meu ver, o preconceito no metal está mais relacionado ao estilo de música do que ao gênero do músico, pois ainda existem muitas divergências por uns acharem que um é leve demais ou pesado demais, etc.

7) Na sua opinião, o que a mulher agrega à música pesada, existe algo de tipicamente feminino na arte de bandas lideradas por mulheres ou de bandas completamente formadas por mulheres?

Aline: Homens e mulheres têm suas particularidades, mas ambos podem ser excelentes músicos. Acho que a questão mais importante de ter mais mulheres em bandas é que elas se tornam modelos para outras mulheres, o que ajuda a trazer mais fãs mulheres para o cenário também, pois pode haver uma maior identificação. No meu estilo de música particularmente, eu acredito que a voz feminina pode fazer um contraponto interessante com o peso do instrumental.

8) Embora a participação das mulheres tenha se tornado cada vez mais forte e notória com o passar dos anos, você sente que está existindo uma maior abertura, as pessoas estão mais abertas para a presença da mulher no mundo da música pesada?

Aline: Acredito que sim. As mulheres sempre fizeram parte do mundo da música, mas dentro da música pesada o processo talvez tenha sido um pouco mais lento. Agora, com tantas mulheres talentosas nos palcos (e também nos bastidores), as pessoas conseguem entender melhor que é mais do que normal a presença feminina na música pesada.

Lyria – Immersion (2018)

9) Qual é a sua mensagem para as garotas que estão lendo essa entrevista e pensando em seguir carreira em uma banda de heavy metal? É tão difícil quanto ouvimos falar? Compensa? O que a sua jornada com o LYRIA pode mostrar para aqueles que planejam começar a trilhar esse caminho?

Aline: Sim, é extremamente difícil! E digo isso tanto para as garotas, quanto para os garotos que estão lendo (risos). Seguir carreira como músico no Brasil é um caminho bem complicado, ainda mais no heavy metal que não é um dos gêneros mais midiáticos e sofre um grande preconceito do público, pois as pessoas muitas vezes não sabem bem o que é e associam a “barulho”. Mas se é isto que você gosta, se isto realmente é o que você quer, então eu digo “siga em frente, corra atrás dos seus sonhos”. Se você realmente se dedicar, estudar não só o seu instrumento mas também o mercado, se der tudo de si, e fizer o seu trabalho com amor, você pode realmente ir longe. Não há palavras para descrever as mensagens e o carinho que recebemos dos fãs ou quando subimos ao palco e sentimos aquela energia do público cantando nossas músicas.

10) Para encerrar, fale nos um pouco sobre o show especial de Natal da Lyria. Obrigado pela entrevista.

Aline:  Obrigada, pela entrevista, foi um prazer. Temos feito nossos shows online desde 2015 quando percebemos que não seria possível estar em todos os lugares, e que nossos fãs ao redor do mundo sempre estavam à procura dos nossos shows.  Então essa foi uma solução para preencher essa lacuna. Agora chegamos ao último show de 2019, que será nosso show online de Natal, diretamente do nosso estúdio. Para este show em particular, as pessoas pagam o quanto desejarem pelo ingresso, uma espécie de doação, e no dia do show elas recebem um link secreto para assisti-lo ao vivo ou quando desejarem, pois ele fica gravado. Mesmo que distante, há também uma interação com o público, pois nós lemos comentários e conversamos com os fãs durante o show, é algo bem legal e interessante, pois tem gente em fuso-horários completamente diferentes, então tem uns que estão acordando para ver o show, outros estão de madrugada e por aí vai. O show será no dia 22 de dezembro, a partir das 17 horas. Quem quiser participar, basta entrar em www.lyriaband.com/donations. Qualquer dúvida é só mandar mensagem por Facebook, Instagram, etc. Vejo vocês na estrada!

Edições avulsas, assinatura física e digital.

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